UE não incluirá Irlanda do Norte no controle de exportação de vacinas
Bruxelas indicou que não incluiria a Irlanda do Norte no mecanismo de controle de exportação de vacinas que anunciou nesta sexta-feira (29), depois que o Reino Unido a censurou por comprometer os acordos do Brexit relativos à ilha da Irlanda.
"Como parte da conclusão desta medida, a Comissão garantirá que o protocolo Irlanda / Irlanda do Norte não seja afetado", escreveu o Executivo Europeu em nota.
Relacionadas
Ao contrário do inicialmente previsto, a Comissão "não ativou a cláusula de salvaguarda", o que lhe teria permitido revogar este protocolo para as vacinas.
Mais cedo, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, expressou à presidente da Comissão Europeia sua preocupação com as restrições impostas à entrega de vacinas contra o coronavírus, que poderiam comprometer os acordos firmados no âmbito do Brexit sobre a Irlanda do Norte.
Em uma conversa telefônica com Ursula von der Leyen, Johnson "expressou grave preocupação com as possíveis repercussões das medidas da União Europeia (UE) sobre a exportação de vacinas", disse seu porta-voz.
Diante dos atrasos na entrega das vacinas do laboratório da AstraZeneca, a UE decidiu impor um mecanismo que proíbe as exportações "ilegítimas".
A Irlanda do Norte é um dos territórios considerados não europeus.
Mas o acordo do Brexit busca, entre outros objetivos, evitar o retorno de uma fronteira e controles alfandegários entre a Irlanda, membro da UE, e a Irlanda do Norte.
A UE chegou a invocar um artigo que lhe permite suspender este protocolo se a sua aplicação "implicar graves dificuldades econômicas, sociais ou ambientais".
Este texto irritou tanto as autoridades da Irlanda do Norte, cuja primeira-ministra Arlene Foster chamou de "um incrível ato hostil", quanto o governo da República da Irlanda.
O primeiro-ministro da Irlanda, Micheal Martin, participou de "conversas com ... Ursula von der Leyen para expressar (suas) preocupações", segundo um porta-voz do governo.
"O Reino Unido tem acordos juridicamente vinculativos com os fornecedores de vacinas e não espera que a UE, como amiga e aliada, faça algo para interromper a implementação desses contratos", disse um porta-voz de Johnson.
O Reino Unido importa as vacinas contra o coronavírus da Pfizer / BioNTech de uma fábrica na Bélgica.