Candidato ultraconservador peruano pede destituição do presidente
Lima, 8 Mar 2021 (AFP) - O candidato ultraconservador à presidência do Peru Rafael López Aliaga insistiu nesta segunda-feira (8) em sua polêmica proposta para que o Congresso destitua o presidente interino, Francisco Sagasti, por suposto gerenciamento incorreto da vacinação contra a covid-19.
"Temos um presidente que não é presidente", declarou, repetindo uma ideia propagada no sábado por esse rico empresário, apelidado de Bolsonaro peruano, apesar de se distanciar do presidente brasileiro. "Somos o único país do mundo que não possui vários fornecedores de vacinas", acrescentou, embora o governo tenha firmado diversos acordos.
A vacinação no país tem sido o centro de um escândalo denominado "Vacinagate", após a imunização irregular de 470 pessoas, incluindo o ex-presidente Martín Vizcarra. Uma nova polêmica surgiu no sábado, após a exibição na TV de uma reportagem sobre um teste clínico da vacina chinesa Sinopharm no Peru que afirmava que a mesma imuniza apenas um terço dos que a recebem. Embora o governo negue o relatório e cinco outros candidatos recusem a proposta de López Aliaga, a polêmica continua.
Sagasti assumiu o poder em novembro - em meio a uma crise política em que três presidentes assumiram o cargo ao longo de cinco dias - e seu mandato termina em 28 de julho. López Aliaga, 60 anos, é um dos 18 candidatos presidenciais nas eleições de 11 de abril. De acordo com a última pesquisa da Ipsos, ninguém possui atualmente mais do que 11% das intenções de voto.
Embora alguns apoiadores o comparem ao presidente brasileiro, o candidato sinalizou diferenças com Jair Bolsonaro durante videoconferência com correspondentes estrangeiros. "Bolsonaro nunca foi um empresário, ele nunca enfrentou problemas reais. Ele é uma pessoa muito agressiva e intolerante", afirmou.
López Aliaga se declara celibatário, é um laico da Opus Dei que vai à missa diariamente e recusa a legalização do aborto, mesmo de meninas estupradas. Ele disse que entrou na disputa eleitoral "pelo país e por Deus", mas negou ser um Messias.
Se chegar ao poder, vai expulsar a brasileira Odebrecht do país, garantiu o empresário, cujo grupo inclui trens entre Cusco e a cidadela inca de Machu Picchu e emprega diretamente 10 mil pessoas, segundo informações detalhadas. A construtora foi acusada de financiar ilegalmente vários candidatos em campanhas anteriores, e envolveu em um escândalo quatro ex-presidentes peruanos.
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