EUA pode "perder um amigo valioso", avisa o presidente turco
Istambul, 1 Jun 2021 (AFP) - O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, alertou nesta terça-feira (1º) que os Estados Unidos podem "perder um amigo valioso" ao "encurralar" a Turquia, duas semanas antes de se encontrar com o presidente americano, Joe Biden, em meio a tensões bilaterais.
"Aqueles que encurralam a República da Turquia perderão um amigo valioso", declarou Erdogan em uma entrevista ao canal de televisão estatal turco TRT, respondendo a uma pergunta sobre as relações entre Washington e Ancara.
O alerta vem antes da primeira reunião entre Erdogan e Biden, agendada para 14 de junho à margem de uma cúpula da Otan em Bruxelas, com o objetivo de acalmar as tensões entre a Turquia e os Estados Unidos.
As relações entre os dois aliados da Otan ficaram tensas em 2016 e pioraram desde que Biden substituiu na presidência americana Donald Trump, com quem Erdogan havia estabelecido laços pessoais.
Ancara não gostou quando Washington reconheceu, em abril, o genocídio dos armênios pelo Império Otomano durante a Primeira Guerra Mundial.
A Turquia, herdeira do Império Otomano, rejeita o termo "genocídio" e, ao comentar o ocorrido, se refere a uma guerra civil na Anatólia agravada pela fome na qual morreram entre 300.000 e meio milhão de armênios, e outros tantos turcos.
"Qual é a razão de nossas tensões [com os Estados Unidos]? O chamado genocídio armênio", declarou Erdogan nesta terça-feira. "Os Estados Unidos não têm outro problema para resolver em vez de agir como um advogado armênio?", questionou.
Além disso, Erdogan listou várias questões que têm prejudicado as relações entre as duas nações, começando com o apoio dos Estados Unidos às milícias curdas na Síria, que Ancara considera "terroristas".
Mesmo assim, na semana passada, o presidente turco afirmou que o encontro com o seu homólogo norte-americano abriria uma "nova era" nas relações entre Ancara e Washington.
Erdogan, que governa a Turquia desde 2003, enfatizou na terça-feira que sempre conseguiu trabalhar com os presidentes americanos, "sejam eles republicanos ou democratas".
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