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OMS pede moratória sobre vacinas de reforço contra a covid; EUA se opõem

04/08/2021 20h29

Genebra, 4 Ago 2021 (AFP) - A OMS pediu nesta quarta-feira (4) uma moratória sobre as doses de reforço contra a covid-19, mas os Estados Unidos se opuseram, enquanto a China restringiu as viagens ao exterior enquanto as infecções atingem um máximo em seis meses.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) sustentou que uma moratória dos reforços pelo menos até o fim de setembro ajudaria a resolver a enorme desigualdade na distribuição das doses do imunizante entre países ricos e pobres e ajudar a combater a pandemia que já matou 4,2 milhões de pessoas no mundo.

"Não podemos aceitar que países que já usaram a maior parte do abastecimento mundial de vacinas usem ainda mais, enquanto as pessoas mais vulneráveis do mundo continuam sem proteção", disse o chefe da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Mas Washington rejeitou a ideia.

"Sentimos que é uma escolha falsa e que podemos fazer as duas coisas", disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki. Ela acrescentou que os Estados Unidos doaram mais doses do que nenhum outro país.

A OMS considera que a moratória permitiria alcançar uma vacinação de 10% da população mundial até o fim de setembro.

Ao menos 4,27 bilhões de doses foram aplicadas em todo o mundo até agora, segundo uma contagem da AFP.

Em países considerados de alta renda pelo Banco Mundial, 101 doses foram aplicadas a cada 100 pessoas. Mas nos 20 países de renda mais baixa, a quantidade caiu para 1,7 por 100 pessoas.

Israel, um país com alta taxa de vacinação, começou a aplicar na semana passada uma terceira dose aos maiores de 60 anos e a Alemanha anunciou que fará o mesmo a partir de setembro.

No entanto, a chefe de vacinas da OMS, Kate O'Brien, disse não haver provas convincentes da necessidade da terceira dose.

Já a China endureceu as restrições à circulação, com suspensões nos transportes em nível local ou limitando os deslocamentos ao exterior após registrar um aumento dos casos.

No entanto, se absteve de proibir as viagens ao exterior.

Desde meados de julho, foram registrados cerca de 500 casos de covid-19 em todo o país.

- Primeiro foco nos Jogos Olímpicos-Enquanto isso, nos Jogos Olímpicos de Tóquio, foram registrados cinco casos de coronavírus na equipe grega de nado sincronizado, o que forçou o isolamento das doze pessoas do grupo.

A equipe teve que desistir de participar do restante dos Jogos e os sete membros que, por enquanto, testaram negativo, concordaram em se mudar para uma instalação criada para "casos de contato", disse o porta-voz do Tokyo 2020, Masa Takaya, que ressaltou que este é o primeiro "foco" descoberto nos Jogos.

Até agora, a Tokyo 2020 detectou 322 casos de coronavírus, incluindo atletas, oficiais e profissionais de comunicação. A maioria dos casos foi registrada em residentes do Japão que trabalham nos Jogos.

- Coronavac produzida no Chile -Na América Latina, vários países que optaram pela vacina anticovid desenvolvida na Rússia, Sputnik V, reclamaram recentemente de atrasos na entrega da segunda dose.

Mas nesta quarta-feira, o Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF), que financiou o desenvolvimento do imunizante, garantiu que esses atrasos serão "solucionados" em agosto "graças ao aumento significativo da capacidade de produção de vacinas".

Uma agravante destes atrasos é que a Sputnik V, ao contrário de outras vacinas, é composta por duas doses diferentes que não podem ser trocadas, de modo que a população que espera pela segunda dose está parcialmente imunizada.

A Guatemala, por exemplo, cancelou a compra de 8 milhões de doses da vacina russa que sofreram atrasos na entrega, e a Argentina ameaçou quebrar o contrato, mas nesta quarta disse que vai combinar a Sputnik com doses da AstraZeneca e da Moderna.

"Estamos em condições de avançar para intercambiar diferentes vacinas, a começar pela Sputnik V. com a Moderna e a AstraZeneca. É das que temos informação de segurança e imunogenicidade", afirmou a ministra da Saúde, Carla Vizzotti. Também será possível combinar a AstraZeneca com a Moderna.

Enquanto isso, o Chile anunciou nesta quarta a instalação de duas fábricas para vacinas do laboratório chinês Sinovac, que produz a Coronavac, aplicada em grande parte da população chilena.

"O Sinovac vem ao Chile para que o centro nevrálgico, para que o principal centro de produção de vacinas para a América Latina fique em nosso país", destacou o reitor da Universidade Católica, Ignacio Sánchez, cujo centro de estudos fez uma aliança com o laboratório chinês.

Em Cuba, a situação "continua sendo preocupante", advertiu na quarta-feira a Organização Pan-americana da Saúde (Opas) e se torna mais complexa pelas "longas filas para obter alimentos" e o esgotamento da paciência das pessoas para respeitar as restrições.

Segundo o último boletim da Opas, de 18 a 24 de julho, foram reportados em Cuba 51.081 casos de covid-19 (+21,1% em relação à semana anterior) e 446 mortos (+78); enquanto que de 25 a 31 de julho houve 61.375 contágios (+16,8%) e 494 falecidos (+48).

Cuba começou a vacinar sua população em meados de maio com candidatas a vacinas anticovid desenvolvidas na ilha.

Até 31 de julho, mais de 4 milhões de pessoas na ilha tinham recebido ao menos uma dose de algumas destas candidatas ou da vacina Abdala, aprovada pelas autoridades cubanas. Isto representa 35,7% da população.

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