Ameaça de bomba perto do Capitólio termina com rendição
Washington, 19 Ago 2021 (AFP) - O homem que ameaçou detonar explosivos perto do Capitólio, em Washington, entregou-se à polícia nesta quinta-feira (19), após horas de negociações, em um ambiente ainda marcado pela lembrança da invasão violenta ao local em 6 de janeiro, liderada por manifestantes pró-Trump.
"O suspeito Floyd Ray Roseberry, 49 anos, foi detido com segurança", tuitou a Polícia do Capitólio. Aparente extremista de direita, ele transmitiu nas redes sociais críticas ao presidente Joe Biden e aos democratas, falando em uma "revolução" e reclamando do governo dos Estados Unidos e de sua política para o Afeganistão.
Roseberry também afirmou que quatro outras bombas seriam detonadas em Washington, juntamente com a sua, se a polícia usasse a força letal contra ele.
O chefe da polícia do Capitólio, Thomas Manger, explicou em entrevista coletiva que Roseberry, morador de Grover, cidade na Carolina do Norte, permaneceu "por várias horas" em uma caminhonete nos arredores do Congresso, na qual afirmava haver explosivos.
A polícia e o FBI tentaram negociar com ele usando mensagens em um quadro negro e, logo depois de entregar um telefone, o suspeito se rendeu. "Ele saiu do veículo e se rendeu, e as unidades táticas próximas o pararam sem incidentes", disse Manger.
"Sabemos que o Sr. Roseberry teve algumas perdas familiares. Acho que sua mãe morreu recentemente. Conversamos com membros de sua família e havia outros problemas com os quais ele estava lidando", acrescentou.
Nenhuma bomba foi encontrada no veículo, que estava estacionado na calçada junto à Biblioteca do Congresso. "Mas foram recolhidos na caminhonete possíveis materiais para a fabricação de bombas", informou a Polícia do Congresso.
- 'A revolução' -Manger disse que não estava claro quais teriam sido as motivações de Roseberry, que, em sua transmissão ao vivo pelo Facebook, proferiu uma série de ameaças inconsistentes e pediu para falar com Biden.
"Estou tentando falar com Joe Biden pelo telefone. Estou estacionado aqui na calçada ao lado de todas essas coisas bonitas", disse ele. "Não vou machucar ninguém, Joe. Não vou puxar o gatilho dessa coisa. Não posso", ressaltou, mas avisou: "estou te avisando, se os atiradores (...) começarem a atirar por essa janela, essa bomba explode".
Roseberry foi visto segurando uma lata de metal com argila e uma caixa com botões e fios no topo, mas não foi possível determinar se era um explosivo de verdade.
Embora não tenha indicado afiliação política, a certa altura ele se referiu à "revolução" e disse: "estou buscando que todos os meus outros patriotas venham e me ajudem". Mais tarde, atacou o partido de Biden, dizendo: "todos sabem o que estão fazendo, os democratas? Eles estão matando a América."
O Facebook informou que o perfil foi removido e que o incidente estava sendo investigado.
O site especializado Site, que monitora organizações de supremacia branca e jihadistas, disse que a atividade de Roseberry nas redes sociais sugeria que ele fazia parte do movimento Maga, acrônimo para "Make America Great Again", o slogan do ex-presidente republicano Donald Trump.
- Terrorismo doméstico de direita -Os edifícios principais da Biblioteca do Congresso foram evacuados, assim como a Suprema Corte de Justiça e ao menos um dos três prédios dos escritórios da Câmara dos Representantes.
As ruas e os prédios foram reabertos, e o transporte público, retomado, depois que a polícia fez uma inspeção na área.
O Senado e a Câmara de Representantes se encontram em recesso, mas há funcionários trabalhando no complexo do Capitólio.
O congressista democrata Bill Pascrell condenou duramente o suspeito, evocando o ataque traumático ao Capitólio. "O terrorismo doméstico de direita é uma ameaça a todas as comunidades nos Estados Unidos", tuitou.
O Capitólio está sob fortes medidas de segurança desde o mortal ataque em 6 de janeiro por parte de apoiadores de Trump, que buscavam evitar a certificação da eleição de Biden.
Em 2 de abril, um policial foi morto e outro ficou ferido, quando um jovem lançou seu carro contra um posto de controle que protege a entrada do Congresso. Foi morto em seguida.
Altas cercas e arame farpado foram colocados em janeiro ao redor do complexo do Capitólio. A cerca, um dos últimos lembretes físicos do ataque, foi removida em julho.
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