Partido no poder no Japão escolhe próximo primeiro-ministro
Tóquio, 29 Set 2021 (AFP) - O partido no poder no Japão escolhe seu novo líder e próximo primeiro-ministro nesta quarta-feira (29), em uma eleição interna na qual um ex-ministro das Relações Exteriores e o popular chefe da campanha de vacinação contra a covid-19 surgem como favoritos.
Após apenas um ano à frente da terceira economia mundial, o primeiro-ministro Yoshihide Suga optou por não presidir o Partido Liberal Democrático (PLD), com o qual a eleição também provocará um revezamento de governo.
O vencedor desta eleição interna será nomeado nos próximos dias o novo primeiro-ministro e, então, disputará as próximas eleições gerais, nas quais o PLD deverá manter o poder.
Ao contrário de outras eleições, a disputa é especialmente incerta desta vez, em parte porque as facções poderosas do partido não se posicionaram a favor de nenhum candidato e darão a seus membros liberdade de voto.
São quatro candidatos na disputa, dois homens e duas mulheres, algo também inusitado neste país com pouca presença feminina na cena política.
Mas as chances de vitória parecem estar limitadas apenas ao ex-ministro das Relações Exteriores Fumio Kishida, que perdeu para Suga no ano passado, e ao arquiteto da campanha de vacinação contra a covid-19, Taro Kono, um dos políticos mais populares do Japão.
As concorrentes, a conservadora linha-dura Sanae Takaichi e a ex-ministra da igualdade de gênero Seiko Noda, dificilmente passarão do primeiro turno.
Participarão da eleição desta quarta-feira 382 deputados do PLD e o mesmo número de membros do partido.
Se nenhum dos candidatos obtiver a maioria, os dois primeiros avançarão imediatamente para um segundo turno limitado a 382 deputados e um representante de cada uma das 47 regiões japonesas.
- Kono contra Kishida -O ministro reformista Kono é o favorito do público. Ex-titular das pastas de Defesa e Exteriores, há anos é considerado um possível candidato ao cargo.
Seu estilo de comunicação direta rompe com a costumeira atitude cautelosa dos políticos japoneses. Prova disso é sua conta no Twitter, onde interage livremente com seus dois milhões de seguidores.
Ao mesmo tempo, seu comportamento às vezes é visto como desagradável e ele já foi criticado por bloquear seguidores no Twitter e alvo de acusações em tabloides de assédio a funcionários.
Seu principal rival é Fumio Kishida, um ex-ministro das Relações Exteriores e ex-oficial de política do LDP. É o candidato que prometeu mais estímulos econômicos para superar a turbulência da pandemia.
Kishida tem procurado capitalizar no descontentamento público com o gerenciamento da pandemia de covid-19 por parte do governo de Suga, cuja aprovação popular caiu para níveis recordes.
Durante a campanha, Kishida quis demonstrar suas habilidades de escuta e convidou os cidadãos a compartilharem seus pedidos e propostas, até mesmo colocando uma caixa de sugestões e um caderno para escrever ideias em seus comícios.
Filho de uma família de políticos de Hiroshima, Kishida tentou ganhar a liderança do PLD no ano passado, mas perdeu para Suga, que substituiu Shinzo Abe, que se aposentou da política por doença após oito anos no poder (2012-2020).
O vencedor enfrentará vários desafios, desde gerenciar a recuperação econômica após a pandemia até conter as ameaças à segurança vindas da Coreia do Norte e da China.
bur-sah/kaf/lb/dbh/am
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