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Cuba alerta organizadores de manifestação sobre consequências penais

21/10/2021 16h08

Havana, 21 Out 2021 (AFP) - A promotoria de Havana advertiu Yunior García, organizador de uma manifestação em 15 de novembro, das consequências criminais caso este dramaturgo dissidente volte a se manifestar, mas ele afirmou manter sua intenção de comparecer ao protesto.

Começaram "os alertas a vários destes cidadãos (...) advertidos das consequências jurídico-penais que derivam do fato de não cumprir a decisão que lhes foi notificada e de realizar as marchas citadas", Yaumara Angulo, vice-promotora provincial de Havana, disse a repórteres depois que Garcia foi intimado.

O anúncio vem depois que tanto García, líder do grupo Archipiélago, que promove a manifestação, quanto os organizadores da marcha em sete outras províncias mantiveram seu apelo ao protesto, apesar de terem sido notificados de que esta marcha foi considerada ilegal pela autoridades.

O governo então destacou que a manifestação "constitui uma provocação" porque visa uma "mudança do regime cubano", cujo sistema socialista tem o caráter de "irrevogável" na Constituição. As autoridades também acusam os organizadores de ligações com agências americanas.

Ao deixar a promotoria provincial no bairro de Vedado, García ratificou sua intenção de sair para uma manifestação no dia 15 de novembro. "Essa é a minha decisão, muito além das ameaças que recebi hoje".

O conhecido dramaturgo e ator, de 39 anos, considerou a advertência "uma ameaça direta do estado".

"Sinceramente, não sinto que exista uma única instituição no país onde nasci que esteja do nosso lado, por parte dos cidadãos. Não somos mercenários, nem recebemos ordens de parte alguma", acrescentou o ativista, lembrando que caso seja detido, rejeitará a defesa.

"Renuncio a qualquer tipo de defesa. Não considero que isso seja um julgamento legítimo", acrescentou.

O apelo para a marcha de 15 de novembro em favor da "mudança" e para exigir a liberdade dos presos políticos vem após as manifestações de 11 de julho, que ocorreram em cinquenta cidades e que deixaram um morto, dezenas de feridos e cerca de mil detidos, dos quais cerca de 500 continuam presos.

A data da manifestação coincide com a abertura das fronteiras ao turismo internacional, o retorno das crianças do ensino fundamental às aulas e com os múltiplos eventos culturais e sociais em praças e bairros de Havana para comemorar o 502º aniversário da fundação da cidade.

Cuba atravessa uma profunda crise econômica com a inflação, exacerbada pela pandemia da covid-19 e pelo endurecimento do embargo dos Estados Unidos, que provocou uma grave escassez de alimentos e medicamentos.

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