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Incêndio em agência bancária abandonada deixa quatro mortos em Barcelona

30/11/2021 16h38

Barcelona, 30 Nov 2021 (AFP) - Um incêndio em uma agência bancária abandonada e ocupada por várias pessoas na cidade espanhola de Barcelona deixou um casal e seus dois filhos mortos, em um "horror" que não "deveria acontecer jamais", segundo a prefeita da cidade.

"As vítimas são dois adultos, um bebê e um menino de três anos", afirmou Ángel López, do corpo de bombeiros de Barcelona. O incêndio foi controlado.

"Às 6h00 recebemos um aviso de uma testemunha sobre um incêndio em uma antiga agência bancária ocupada, na praça de Tetuán", explicou o bombeiro.

As equipes de resgate encontraram as quatro vítimas e não conseguiram reanimá-las, segundo López.

As vítimas eram um casal, de 40 e 39 anos, que se dedicava à coleta de sucata, e seus dois filhos: de três anos e um bebê de quatro meses, informou a prefeitura. De acordo com a imprensa local, o homem era paquistanês e mulher, romena.

"Não há palavras para descrever o horror de quatro pessoas mortas, incluindo duas crianças muito pequenas, é algo que nunca deve acontecer (...) É uma notícia horrível", disse a prefeita de Barcelona, Ada Colau, no local.

Outros quatro homens, que se refugiam das chamas em um pátio, foram resgatadas, apontou Ángel López. Foram atendidos com sintomas de intoxicação e transferidos para hospitais, mas suas vidas não correm perigo, disseram as autoridades.

- Investigação aberta -A polícia da região da Catalunha, os Mossos d'Esquadra, agora investiga as causas do incêndio.

O local, em uma área residencial de classe média no eixo central de Barcelona, passou a manhã lotado e com forte presença policial e de bombeiros, constatou uma jornalista da AFP.

O responsável Interno do governo catalão, Joan Ignasi Elena, disse à imprensa que, horas antes, a polícia tinha ido ao local por "um incidente de problemas de convivência", mas que "não há evidências" que isso tenha relação com o incêndio.

Não era a primeira vez, segundo os vizinhos, que a polícia foi alertada sobre disputas que ocorreram no lugar onde, além da família, viviam outros ocupantes.

"Por trás dessa tragédia, há uma situação de pobreza, uma situação de exclusão social e onde trabalhar como uma prefeitura e serviços sociais é complexo", reconheceu a vice-prefeita de Direitos Sociais de Barcelona, Laura Pérez, em uma coletiva de imprensa.

A família recebia apoio municipal desde agosto de 2020, e o filho mais velho frequentava a escola.

"O que a administração pública e o tribunal devem fazer é pegar essas criaturas e levá-las à proteção, porque olha como eles terminaram", afirmou indignado, Josep Ignaci Homs, um aposentado de 77 anos, que garante que os gritos são habituais no local.

Colau, uma conhecida ativista pelo direito à moradia antes de conquistar a prefeitura, observou que o local "não estava sob condições normais de habitabilidade" e explicou que era "uma situação complexa de um lugar ocupado de uma antiga agência bancária".

Com acesso caro à habitação, 481 pessoas vivem nas 105 instalações ocupadas da cidade, incluindo 156 menores. Outros 384 residem em assentamentos, de acordo com números municipais.

Este evento lembra outro que aconteceu na Catalunha há quase um ano, em dezembro de 2020, quando quatro pessoas morreram e várias ficaram feridas em um incêndio em um navio industrial abandonado em Badalona, onde viviam entre 100 e 200 migrantes sob condições precárias.

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