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No front da Ucrânia, negociações entre Rússia e EUA geram poucas expectativas

10/01/2022 14h54

Avdiivka, Ucrânia, 10 Jan 2022 (AFP) - Na linha do front, no leste da Ucrânia, as forças de Kiev temem que as negociações que começaram nesta segunda-feira (10) em Genebra entre Estados Unidos e Rússia não mudem grande coisa no conflito com os separatistas pró-russos.

"Isso não agravará a situação [...], mas também não vai mudar política de Putin", comentou à AFP em sua trincheira Mikhailo, um soldado de 29 anos, perto da cidade de Avdiivka, na região de Donetsk.

"Considerando que a guerra no leste já dura oito anos e tendo em vista as negociações anteriores, duvido que as coisas vão mudar. Sua política não pode ser influenciada", acrescentou, referindo-se ao presidente russo Vladimir Putin.

Autoridades russas e americanas começaram nesta segunda-feira (10), em Genebra, uma reunião de negociações sobre a situação na Ucrânia e sobre a segurança na Europa, em um contexto de fortes tensões.

A Ucrânia e os países ocidentais acusam a Rússia de ter concentrado dezenas de milhares de militares e equipamentos pesados em sua fronteira com a Ucrânia, pronta para uma possível invasão, algo que o governo russo nega.

Por sua vez, o governo russo acusa a Otan de provocar as tensões atuais e exige, sobretudo, garantias jurídicas de que a Ucrânia não poderá entrar para a Aliança Atlântica no futuro.

"Garantias de uma não adesão à Otan não vão parar [Putin]", afirma Mikhailo. "Ele quer voltar para uma União Soviética 2.0", acrescenta.

No terreno, as tensões se traduzem em incessantes tiros de intimidação por parte dos separatistas, segundo os militares ucranianos.

- 'Provocação permanente' -Escondido atrás de sacos de areia empilhados, um soldado observa atentamente as posições inimigas com um periscópio, enquanto dois colegas vão expandindo a trincheira com a ajuda de pás.

"O inimigo nos provoca permanentemente com disparos", principalmente de morteiro e metralhadoras, declara Dmitro, outro militar, de 29 anos e olhos azuis.

"Estamos o tempo todo preparados" para repelir eventuais ataques, acrescenta Mikhailo, o primeiro soldado, com seu capacete de camuflagem e um fuzil de assalto.

O leste da Ucrânia vive desde 2014 uma guerra entre o Exército e os separatistas, apoiados pela Rússia, embora Moscou negue essas acusações.

O conflito, que deixa mais de 13.000 mortos, começou depois que a Rússia anexou a península da Crimeia.

Mikhailo, o soldado ucraniano, afirma que nos últimos meses os separatistas enviaram equipes "em uma escala muito maior" do que as mobilizadas até agora.

No entanto, afirma que o Exército ucraniano desta vez está "preparado". "Podemos parar o inimigo", afirma. "O mais importante é ter alguém atrás de você para fornecer apoio", completou.

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