EUA acusam Moscou de produzir vídeos falsos para justificar ataque contra Ucrânia
Os Estados Unidos afirmaram nesta quinta-feira (3) ter provas de que Moscou planeja produzir vídeos falsos de um ataque de ucranianos a russos para que sirvam como desculpa para um ataque real a seu vizinho.
"Temos informações de que os russos provavelmente querem inventar um pretexto para uma invasão", disse John Kirby, porta-voz do Departamento de Defesa.
"Acreditamos que a Rússia poderia produzir vídeos de propaganda muito gráficos que incluiriam cadáveres, atores como enlutados e imagens de lugares destruídos" para justificar a invasão da Ucrânia, declarou ele a repórteres.
Acrescentou que Washington acredita que o governo russo planeja montar um suposto ataque das forças militares ou de inteligência da Ucrânia "contra o território soberano russo, ou contra a população de língua russa", cujos números são consideráveis em território ucraniano.
A manobra poderia dar a Moscou, que concentrou mais de 100 mil soldados e armamentos pesados na fronteira com a Ucrânia, uma desculpa para a invasão.
Questão de evidência
Nem Kirby, nem o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, que também comentou o suposto plano, deram evidências que sustentassem sua reivindicação.
Parte do plano consistiria em fazer com que o equipamento militar ucraniano usado no suposto ataque parecesse fornecido pelo Ocidente, denunciou Kirby, o que justificaria ainda mais as retaliações russas contra a Ucrânia.
"Já vimos esse tipo de atividade nos russos no passado e achamos importante que, quando vemos isso, possamos denunciá-lo", acrescentou Kirby.
Ele acredita que, com base na "experiência" do Departamento de Defesa, a maior parte de um plano dessa natureza teria sido aprovado nos "mais altos níveis do governo russo".
Price afirmou, por sua vez, que o suposto plano é "um em um número de opões que o governo russo está desenvolvendo como um falso pretexto para iniciar e potencialmente justificar a agressão militar contra a Ucrânia".
Ele acrescentou que os Estados Unidos desconhecem se a Rússia decidiu seguir adiante com o plano.
"A Rússia destacou que está disposta a continuar com as conversas diplomáticas como uma forma de desescalar, mas ações como estas sugerem o contrário", afirmou Price.
"Não vou revelar o que temos, mas deixarei para seu julgamento", comentou em declarações a jornalistas.
Perguntado mais tarde nesta quinta se os Estados Unidos jogariam lenha na fogueira, mandando mais tropas e ajuda, Kirby garantiu que Washington estava tentando tranquilizar seus aliados da Otan.
"Em primeiro lugar, continuamos com o fluxo de assistência em segurança para a Ucrânia para que possam se defender melhor contra esta ameaça", declarou Kirby em entrevista à emissora Fox News.
"E, em segundo lugar, e isto é realmente importante: para nos assegurarmos que estamos tranquilizando nossos aliados, aliados com os quais temos importantes compromissos na questão da segurança."