Rússia pede aos EUA que parem de alimentar as tensões com o envio de tropas
O governo da Rússia pediu aos Estados Unidos que parem de alimentar a crise sobre a Ucrânia, um dia depois da decisão norte-americana de enviar 3 mil soldados adicionais para a Romênia e a Polônia, no leste da Europa.
A Rússia concentrou dezenas de milhares de soldados perto de sua fronteira com a Ucrânia e exige que os Estados Unidos e a aliança militar ocidental Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) prometam não permitir a adesão de Kiev ao bloco militar liderado pelos EUA, mas negando qualquer plano de invasão do país vizinho.
A Casa Branca disse nesta semana que tropas extras protegeriam o Leste Europeu de um possível transbordamento da crise ucraniana.
"Estamos pedindo a nossos sócios americanos que parem de alimentar as tensões", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, para quem a decisão de Washington apenas "piora" a situação. Ele afirmou que e a "preocupação da Rússia está perfeitamente justificada".
Em declaração dada ontem, o vice-chanceler russo, Alexander Grushko disse que o fortalecimento da presença militar dos Estados Unidos no Leste Europeu é um passo "destrutivo" na busca de soluções diplomáticas para as tensões com a Ucrânia.
O anúncio do envio de 3 mil soldados americanos para a região é uma "decisão injustificada, que aumentará a tensão e reduzirá o espaço para decisões políticas", afirmou Grushko, citado pela agência russa Interfax.
Envio de tropas dos EUA
Os Estados Unidos enviarão 3 mil militares a países da Europa Oriental com o objetivo de apoiar as forças da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). O movimento acontece em meio à crise com a Rússia, que, segundo os EUA, ameaça invadir a Ucrânia.
Serão cerca de 2 mil soldados enviados para Polônia e Alemanha; outros mil soldados serão reposicionados da Alemanha para a Romênia, no flanco leste da Otan mais próximo da Rússia, disse uma autoridade norte-americana à Reuters.
Os militares dos EUA notificadas sobre a ordem para estarem prontos para partir incluem equipes adicionais de brigada de combate, pessoal de logística, apoio médico, apoio de aviação e forças envolvidas com missões de inteligência, vigilância e reconhecimento.
Segundo documentos obtidos pelo jornal espanhol El País, os Estados Unidos se dispuseram a não mobilizar mísseis de solo ou forças de combate na Ucrânia, caso a Rússia concorde em fazer o mesmo.
Os EUA e seus aliados da Otan também estão prontos para discutir medidas recíprocas para evitar incidentes perigosos no ar ou no mar, e assegurar a Moscou que não há mísseis de cruzeiro Tomahawk estacionados na Romênia e na Polônia, segundo os documentos publicados pelo jornal.
O presidente Joe Biden tem alertado para o risco de uma invasão da Rússia na Ucrânia, motivada pela exigência russa de que a Ucrânia não seja aceita na Otan — exigência esta que foi negada. A Ucrânia é uma ex-república soviética e ainda é uma região que sofre forte influência russa. O país ainda não entrou na organização militar do ocidente, mas tem o status de "país parceiro".
Rússia enviou soldados e armas para Belarus
A Rússia transportou cerca de 30 mil soldados e armas modernas para Belarus nos últimos dias, o maior destacamento militar de Moscou para o país desde o fim da Guerra Fria, disse o secretário-geral da aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg.
O deslocamento incluiu forças de operações especiais Speznaz, caças SU-35, mísseis Iskander de dupla capacidade e sistemas de defesa aérea S-400.
"Tudo isso será combinado com o exercício anual das forças nucleares russas", acrescentou Stoltenberg. O termo capacidade dupla, que o secretário usou para os mísseis Iskander, é usado para descrever armas destinadas à guerra convencional e nuclear.
*Com Reuters e AFP.
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