Presidente sérvio Aleksander Vucic reivindica vitória nas eleições
O presidente sérvio, Aleksandar Vucic, reivindicou neste domingo (3) vitória nas eleições presidenciais, nas quais se apresentou como a garantia da estabilidade sob a sombra da guerra na Ucrânia. "Recebi 2.245.000 dos votos no primeiro turno", afirmou o mandatário durante um discurso, detalhando que obteve cerca de 60% dos votos.
A votação, perturbada por alguns incidentes relatados por ONGs e pela oposição, foi convocada para eleger 250 deputados e vereadores, além do presidente.
Os resultados oficiais devem ser anunciados na noite de segunda-feira, mas Vucic mostrou confiança mesmo antes do fechamento das urnas, garantindo que uma contagem não seria necessária.
"Estou satisfeito que um grande número de pessoas votou e mostrou a natureza democrática da sociedade sérvia", disse Vucic em mensagem televisionada.
À noite, a Comissão Eleitoral estimou que a participação teria chegado a 60%.
De acordo com as pesquisas mais recentes, o partido de centro-direita SNS do chefe de Estado deve confirmar o controle do Parlamento. E o presidente aparece como o favorito para o segundo mandato neste país tradicionalmente próximo à Rússia.
A invasão da Ucrânia por parte da Rússia no fim de fevereiro alterou o curso da campanha eleitoral que, segundo analistas, seria concentrada no meio ambiente, corrupção e direitos dos cidadãos.
Vucic, acusado de autoritarismo por seus rivais, tirou proveito da instabilidade provocada pela guerra e se apresentou como o único candidato capaz de administrar o país no meio da crise.
Durante a campanha, o presidente criou um novo slogan: "Paz. Estabilidade. Vucic".
Guerra e sanções
Em um país que já foi considerado um pária, as memórias das guerras que provocaram a desintegração violenta da Iugoslávia e das sanções econômicas que afetaram a classe média continuam muito presentes.
As pessoas preferem um líder que promete estabilidade a arriscar uma mudança", declarou Zoran Stojiljkovic, professor de Ciências Políticas em Belgrado.
"As grandes crises, ao menos a curto prazo, favorecem quem já está no poder. Geram incerteza, medo e esperança de que o sistema garantirá ao menos a segurança básica", acrescenta.
Há alguns meses, a oposição parecia ter avançado nas pesquisas.
Em janeiro, Vucic anulou um polêmico projeto para uma mina de lítio que provocou protestos de dezenas de milhares de pessoas.
O recuo surpreendeu para um homem que não costuma mudar de posição após uma década no poder, como vice-primeiro-ministro, chefe de Governo ou presidente.
A oposição torce por uma elevada taxa de participação neste domingo que leve a disputa para o segundo turno.
As pesquisas apontavam o general da reserva Zdravko Ponos, um candidato surpresa da oposição pró-Europa, como principal adversário de Vucic.
Pró-russos
"Espero que a votação seja o sinônimo de mudança séria na Sérvia", disse Ponos. "Acredito em um futuro radiante e as eleições são uma boa maneira de mudar a situação".
Mas os analisas não esperam grandes mudanças em relação ao Parlamento atual, controlado quase por completo pela coalizão favorável a Vucic.
Na Sérvia, muitos apoiam a guerra do Kremlin, incluindo alguns partidos da oposição. E aqueles que não apoiam, não falam em voz alta por medo de afastar os eleitores pró-Moscou.
Além disso, Vucic tem outras armas. Em seu mandato, ele intensificou a influência em todos os níveis do poder e controla de fato as instituições, assim como quase todos os meios de comunicação.
Antes da campanha eleitoral, o presidente anunciou subsídios e os críticos o acusaram de comprar votos.
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