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Morreu emblemático repressor da ditadura argentina

02/07/2022 14h11

Buenos Aires, 2 Jul 2022 (AFP) - O repressor da ditadura argentina (1976-83) Miguel Etchecolatz morreu neste sábado, aos 93 anos, condenado à prisão perpétua por crimes contra a humanidade, informaram organizações de direitos humanos.

Ex-diretor da Polícia de Buenos Aires, morreu em decorrência de problemas cardíacos em uma clínica onde havia sido internado dias antes, informou a imprensa local.

Durante a ditadura militar, comandou dezenas de centros de detenção clandestinos em Buenos Aires, nos quais milhares de pessoas foram torturadas e mortas, de acordo com as nove penas de prisão perpétua que acumulou, a última em maio passado.

Ele esteve envolvido em assassinatos, sequestros, desaparecimentos, apropriação de menores e foi um dos responsáveis pela chamada "Noite dos Lápis" em 19 de setembro de 1976, quando uma dúzia de estudantes foram detidos e torturados pelas forças de segurança.

"Por causa da minha posição, tive que matar e faria de novo", disse ele em um dos julgamentos, segundo a agência de notícias Telam.

Um "genocida", comentou a deputada Myriam Bregman ao sintetizar neste sábado o que Etchecolatz quis dizer.

"Ele estava claramente ciente do que fez até o fim. Nunca, em todas as oportunidades que teve, disse uma palavra sobre o destino dos desaparecidos", apontou.

"Quando às vezes se falava em 'ex-genocida' ou 'ex-repressor', nós, advogados, dizíamos que ele não era 'ex', porque renovava a cada dia seu compromisso com os desaparecimentos", disse a deputada.

Em 2006, Etchecolatz foi condenado à prisão perpétua em um julgamento cuja principal testemunha desapareceu depois de testemunhar contra ele.

Em 1997 lançou o livro "La otra campana del Nunca Más", no qual buscava confrontar o relatório oficial de 1984 "Nunca Mais" que registrou 8.961 mortes e desaparecimentos durante a ditadura.

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