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Contraofensiva da Ucrânia avança no sul

04/10/2022 13h35

Autoridades russas de ocupação no sul da Ucrânia pediram nesta terça-feira (4) que não cedam ao "pânico", embora as forças de Moscou tenham recuado diante de uma contraofensiva das tropas ucranianas na região de Kherson. 

Desde o início de setembro, as forças ucranianas já infligiram uma série de reveses aos russos no nordeste e leste.

O governador da ocupação imposto pelas Rússia em Kherson, Vladimir Saldo, admitiu um "avanço" dos ucranianos, especificamente mencionando a perda do controle da cidade de Dudchany, embora tenha afirmado que a aviação russa freou as tropas de Kiev, segundo uma entrevista publicada na segunda-feira em seu canal do Telegram.

Seu adjunto Kirill Stremousov disse nas redes sociais nesta terça-feira que o avanço ucraniano foi contido e que não há que entrar em "pânico". 

O canal russo Rybar, que acompanha os movimentos das tropas de Moscou, revelou que os ucranianos estão avançando em Arkhanguelske e Dudchany com o objetivo de "cortar o abastecimento dos grupos russos que estão na margem direita do rio Dnieper". 

Segundo estimativas ocidentais e ucranianas, cerca de 20.000 soldados russos teriam sido mobilizados nesta área. 

Nas últimas semanas, as forças ucranianas concentraram suas forças contra as posições e depósitos russos na margem direita do Dnieper e nas pontes deste rio para cortar as linhas de abastecimento.

- Novas cidades libertadas -

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, afirmou em seu discurso de segunda-feira à noite que "novas cidades foram libertadas em várias regiões".

"Cada vez mais os ocupantes procuram fugir, mais e mais perdas são infligidas ao inimigo", acrescentou. 

Há dias, vídeos de soldados ucranianos levantando sua bandeira em cidades do norte da região de Kherson são publicados na Internet. 

No início da invasão contra a Ucrânia, as tropas russas controlavam a cidade de Kherson, que é a única capital regional que conseguiram capturar. Estima-se que 80% da região esteja sob o controle dos russos.

Após uma série de contratempos no norte e no leste, o presidente russo Vladimir Putin decidiu anunciar a anexação de Luhansk, Donetsk, Kherson e Zaporizhzhia, quatro regiões ucranianas que estão sob controle parcial da Rússia, e decretou a mobilização de centenas de milhares de reservistas. 

No dia seguinte à cerimônia de oficialização da anexação, Zelensky anunciou que suas forças haviam retomado o controle de Lyman, um local estratégico por ser um importante nó ferroviário no leste da Ucrânia. 

A mobilização de reservistas na Rússia desenvolveu-se de forma caótica, gerando críticas à convocação de pessoas que deveriam ter sido dispensadas por motivos de saúde ou familiares. 

Além disso, essa convocação gerou protestos na Rússia e um êxodo de homens em idade de servir, o que levou dezenas de milhares de pessoas a fugir para países como Cazaquistão, Mongólia ou Finlândia.

- Mais de 200 mil soldados recrutados -

Por sua vez, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, elogiou o processo, afirmando que desde que a ordem de alistamento foi emitida no dia 21, mais de 200.000 soldados se juntaram ao exército. 

"Até hoje, mais de 200.000 pessoas se alistaram no exército", disse Shoigu em uma reunião, citado por agências de notícias russas. 

De acordo com Shoigu, as tropas mobilizadas estão sendo treinadas em cerca de 80 campos militares e seis centros de treinamento.

Putin, por sua vez, prometeu defender os territórios anexados, com a ameaça de até mesmo recorrer ao uso de armas nucleares e instando a Ucrânia a cessar os combates.

De sua parte, Zelensky respondeu na sexta-feira afirmando que não negociará com a Rússia enquanto Putin for presidente. 

Enquanto isso, os ocidentais reiteraram seu compromisso de apoiar a Ucrânia, enviando armas e munições modernas que infligiram grandes perdas às forças russas.

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© Agence France-Presse