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Americanos vão às urnas para eleições cruciais de meio de mandato

08/11/2022 06h04

Milhões de americanos votaram nesta terça-feira (8) em eleições cruciais para a presidência do democrata Joe Biden e as ambições de seu rival republicano Donald Trump, que cogita a ideia de reconquistar a Casa Branca em 2024.

"Precisamos que todos botem as mãos à obra para eleger os democratas", tuitou Biden ao meio-dia, pedindo a mobilização de seus apoiadores nos estados mais equilibrados.

Uma inflação galopante faz com que o presidente de 79 anos corra o risco de perder o controle do Congresso nessas eleições de meio mandato, que costumam ser desfavoráveis para o partido no poder.

Trump, que apoia muitos dos candidatos republicanos, espera que o partido saia vitorioso para ter força para se lançar na corrida presidencial. Na segunda-feira, ele anunciou em um comício que fará "um grande anúncio" em 15 de novembro.

"Será um dia muito emocionante para muitas pessoas", disse ao deixar um local de votação na Flórida. O bilionário de 76 anos quer se antecipar aos possíveis rivais republicanos e atrapalhar as investigações sobre seu suposto papel no ataque ao Capitólio ou a forma como lidou com os arquivos secretos da Casa Branca.

Enquanto isso, Trump se mostrou confiante: "acredito que vamos ter uma ótima noite" e "vai ser ótimo para o país".

Nessa eleições, serão renovados todos os assentos da Câmara de Representantes, um terço do Senado e toda uma série de cargos municipais ou regionais, incluindo vários governadores. Dezenas de referendos também estão sendo decididos, principalmente sobre o direito ao aborto.

Os primeiros resultados podem ser conhecidos a partir das 19h00 (21h00, no horário de Brasília), mas pode levar dias para o desfecho dos duelos mais acirrados, como nos estados da Geórgia e Pensilvânia.

Mais de 40 milhões de eleitores votaram antecipadamente e, nesta terça-feira, longas filas se formaram nos locais de votação logo nas primeiras horas do dia.

"Houve muita tensão e desinformação" durante a campanha, lamentou Robin Ghirdar, um médico de 61 anos que foi votar pelos democratas em Pittsburgh, Pensilvânia.

- "Bom pai de família" -

Cada campo dramatizou as questões centrais dessas eleições: os democratas se colocaram como defensores da democracia e do direito ao aborto, em comparação aos republicanos, considerados "extremistas".

Por sua parte, os conservadores atuaram como certificadores da ordem contra a chamada esquerda "frouxa e radical" em questões de segurança e imigração.

Mas a inflação superou todas as outras questões nas últimas semanas, deixando os republicanos mais confiantes do que nunca em suas chances de derrotar Joe Biden, a quem culpam pelo aumento dos preços.

"Precisamos de uma política do bom pai de família, que os impostos caiam e que a economia vá bem", disse Kenneth Bellows, um estudante de direito de 32 anos que votou no partido Republicano em Phoenix, Arizona (sudoeste), decepcionado com a política econômica de Biden.

Mas na cidade de McAllen, no sul do país, onde mais de 80% da população é latina, a maior preocupação é saber o que as autoridades farão diante da crescente migração que transborda suas fronteiras.

"Eles quebraram o sistema migratório (...) Os Estados Unidos sofreram uma invasão silenciosa de onze milhões de imigrantes", declarou Francisco Cabral, um trabalhador de ascendência mexicana, nascido e criado nos Estados Unidos e abertamente republicano.

Mas essa cidade é historicamente democrata, e Juanita Gonzales, uma dona de casa aposentada, espera que continue assim.

- Voto punitivo -

Estas eleições de meio de mandato acontecem dois anos após as eleições presidenciais e equivalem, de certa forma, a um referendo sobre o ocupante da Casa Branca. Por isso, o partido do presidente raramente escapa do voto punitivo.

Biden tentou evitar isso apresentando-se como "o presidente da classe média", insistindo que reduziu a dívida estudantil, protegeu a saúde e investiu em infraestrutura e clima, mas seus esforços não parecem ter dado frutos.

De acordo com as pesquisas mais recentes, a oposição republicana tem chances de conquistar pelo menos de 10 a 25 cadeiras na Câmara dos Representantes, mais do que suficiente para garantir uma maioria. Há menos clareza sobre o destino do Senado, mas os republicanos também podem sair vitoriosos.

Privado da maioria, o presidente ficaria paralisado. Os republicanos adiantaram que planejam abrir investigações na Câmara sobre os negócios de seu filho Hunter, assim como de alguns de seus secretários.

- Duelos -  

Concretamente, as eleições de meio de mandato são definidas em alguns estados-chave, os mesmos da votação presidencial de 2020.

Todos os olhos estão voltados para a Pensilvânia, antigo reduto da indústria siderúrgica, onde o milionário cirurgião republicano Mehmet Oz, apoiado por Donald Trump, enfrenta o democrata John Fetterman, ex-prefeito de uma pequena cidade, pela cadeira mais disputada do Senado.

O resultado nesta eleição pode definir o equilíbrio de poder no Senado.

Assim como em 2020, a Geórgia também chama a atenção. O democrata Raphael Warnock, o primeiro senador negro eleito neste estado do sul com um forte passado segregacionista, tenta a reeleição contra Herschel Walker, afro-americano e ex-jogador de futebol americano, que tem o apoio de Trump.

Arizona, Ohio, Nevada, Wisconsin e Carolina do Norte também são cenários de disputas acirradas entre os democratas e os candidatos apoiados por Donald Trump, que juram lealdade absoluta ao ex-presidente.

As campanhas custaram centenas de milhões de dólares e transformaram estas eleições de meio de mandato nas mais caras da história dos Estados Unidos.

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© Agence France-Presse