Governo da Colômbia e ELN se reúnem no México para estabelecer bases de cessar-fogo
O governo da Colômbia e a guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN) retomaram nesta segunda-feira(13), na Cidade do México, as negociações para estabelecer as bases de um eventual cessar-fogo bilateral, após episódios de tensão recentes entre as partes.
O segundo ciclo dessa mesa de diálogo começou com um evento público presidido pelo chanceler mexicano, Marcelo Ebrard, e os chefes das delegações do governo colombiano e da guerrilha.
"Cabe a nós (...) reinterpretar o cessar-fogo e não vê-lo somente como um redução dos confrontos armados, mas, principalmente, como uma redução das hostilidades sobre a população civil e das atividades ilegais geradoras de danos e de violência", disse Otty Patiño, chefe da delegação do governo de esquerda de Gustavo Petro.
Já Pablo Beltrán, da delegação do ELN, detalhou que, nesta segunda rodada de diálogo, buscará chegar a um acordo para uma agenda definitiva de negociações e se ocupará das condições para um "cessar-fogo bilateral, temporário e nacional".
As negociações continuam "com a determinação de alcançar uma paz integral e duradoura". No entanto, a mesa "não fará uma revolução por contrato, nem decretará uma desmobilização automática dos rebeldes", destacou.
-Reencontro-
Após quase quatro anos de suspensão, as partes reiniciaram as negociações em Caracas em novembro passado, na tentativa de chegarem a um acordo para pôr fim ao conflito com a última guerrilha reconhecida na Colômbia após o desarmamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc, marxista), em 2017. Nesta segunda rodada, Brasil, Chile, Venezuela, Noruega e México participam como garantidores.
A primeira rodada, que durou 21 dias, terminou com anúncios de libertações de reféns e ações humanitárias, mas sem um cessar-fogo.
Em seu anúncio deste domingo, o governo destacou o "cumprimento dos acordos do primeiro ciclo", como "o alívio humanitário para os presos" do ELN e o envio de uma "caravana humanitária" a regiões como Bajo Calima e Medio San Juan. Porém, as partes tiveram contratempos recentemente.
Em 1° de janeiro, o próprio presidente Petro, um ex-guerrilheiro do Movimento 19 de Abril (M-19), anunciou que seu governo havia acordado um cessar-fogo de seis meses com cinco grupos armados, entre eles, o ELN. Três dias depois, o ELN negou ter acordado uma trégua com o governo. O governo suspendeu o cessar-fogo e ,em 30 de janeiro, o Exército executou nove supostos rebeldes do ELN.
Surgido em 1964, no calor da Revolução Cubana, com cerca de 3.500 combatentes, o ELN tem uma estrutura federada, com relativa independência entre suas frentes, o que dificulta um eventual acordo, segundo especialistas.
jg-sem/st/llu/jc/lb
© Agence France-Presse
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