Topo

CPJ pede suspensão de investigação contra jornalistas na Guatemala

01/03/2023 14h36

O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) solicitou às autoridades da Guatemala a libertação do dono do El Periódico, um jornal da oposição, e a interrupção das investigações contra jornalistas deste veículo.

Em comunicado publicado na terça-feira (28), a entidade pediu a suspensão de "qualquer investigação de colunistas e funcionários" do El Periódico.

Solicitou-se que seja libertado "incondicionalmente o presidente Rubén Zamora", preso desde julho passado, e que os funcionários "trabalhem livremente".

Essas medidas são "uma tentativa clara dos promotores de intimidar e assediar um meio de investigação e os jornalistas que trabalham incansavelmente para expor a corrupção", destacou no comunicado o diretor de programas do CPJ em Nova York, Carlos Martínez de la Serna.

Na terça, um juiz abriu um segundo processo penal contra Zamora por conspiração com fins de obstrução da Justiça. Segundo a acusação, o jornalista supostamente tentou frear uma investigação contra ele por lavagem de dinheiro em 2021.

O magistrado acatou, além disso, o pedido do Ministério Público para investigar vários jornalistas e colunistas do El Periódico, veículo que publicou reportagens sobre a corrupção no Estado guatemalteco.

A procuradora Cinthia Monterroso acredita que os profissionais teriam "desinformado" em suas publicações sobre o casos contra Zamora.

"Pretende-se envolver, agora, outros jornalistas e colunistas do El Periódico para intimidar todo o sindicato e, assim, limitar a liberdade de expressão", informou o jornal em nota publicada em sua edição digital desta quarta-feira.

Eles encerraram o comunicado com a frase "Não vão nos calar".

A Associação de Jornalistas da Guatemala também rejeitou as investigações contra os repórteres e as qualificou de "uma nova tentativa de criminalizar a liberdade de expressão".

Zamora será submetido a um julgamento polêmico em 2 de maio pela primeira acusação de suspeita de lavagem de dinheiro. Segundo o Ministério Público, ele teria participado de um esquema de chantagem e lavagem de 37,5 bilhões de dólares (R$ 194,7 bilhões) contra empresários em troca de não publicar informações contra eles.

O jornalista, de 66 anos, afirma ser um "perseguido político" e que as acusações foram concebidas pelo presidente guatemalteco, Alejandro Giammattei, e pela procuradora-geral, Consuelo Porras, a fim de silenciá-lo por publicações sobre corrupção na administração pública.

Em 2021, os Estados Unidos incluíram Porras em uma lista de acusados em atos de corrupção ou que socavam a democracia, após sua decisão de demitir Juan Francisco Sandoval, ex-chefe da Promotoria Especial contra a Impunidade e considerado por Washington um expoente no combate à corrupção.

hma/llu/ms/mvv

© Agence France-Presse