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'Bidenomics': a expressão para convencer eleitores do sucesso da economia

28/06/2023 13h44

"Bidenomics" é o termo com o qual o presidente Joe Biden espera convencer os eleitores de que sua política econômica teve êxito, no caminho para a eleição presidencial de 2024.

Em um discurso nesta quarta-feira (28) em Chicago, o presidente afirmou que suas reformas devem "restaurar o sonho americano" com um "crescimento que beneficie a todos".

O presidente definiu três pilares fundamentais de sua política econômica: "investimentos inteligentes, fortalecimento da classe média por meio da educação e apoio às pequenas empresas" para reforçar a concorrência.

A estratégia de Biden, que busca a reeleição, de colocar a economia no centro de sua campanha, traz riscos em um momento em que a maior potência do mundo ainda não se recuperou da recessão, em um contexto de altas taxas de juros.

De fato, uma pesquisa de opinião realizada em maio pela ABC e The Washington Post coloca o ex-presidente e candidato republicano Donald Trump com uma vantagem de 18 pontos sobre Biden em termos de gestão econômica entre os eleitores.

"Joe Biden e o Congresso democrata criaram a inflação mais forte em décadas. (...) A inflação e as altas taxas de juros criadas por Biden causaram uma crise bancária, um desastre de proporções históricas", enfatizou Trump em um comunicado em reação às declarações de seu oponente nas últimas eleições presidenciais.

- Biden x Reagan -

O termo "Bidenomics" é uma referência direta a "Reaganomics", o programa econômico de Ronald Reagan na década de 1980, mas com uma lógica diferente.

Reagan aplicou reformas liberais, com cortes de impostos e austeridade fiscal. Biden, por sua vez, mira na "reconstrução" da economia "de baixo para cima", o que significa apoiar a demanda das classes média e baixa, em vez de apostar em que empresários e grandes fortunas sustentem a recuperação.

- Centenas de bilhões -

Ao cunhar o termo "Bidenomics", os assessores de Biden esperam dar visibilidade às conquistas do governo do presidente democrata que, aos 80 anos, buscará a reeleição apesar de um índice de popularidade bastante baixo. 

Trata-se de promover as iniciativas lançadas nos dois primeiros anos do atual governo, antes de Biden perder o controle da Câmara dos Representantes (Deputados). 

Primeiro, houve o "American Rescue Plan" ("Plano de Resgate Americano"), um pacote colossal de US$ 1,9 trilhão (R$ 9,2 trilhões, na cotação atual) votado no Congresso logo após a posse do democrata para ajudar a economia atingida pela pandemia.

Depois veio um programa de obras de infraestrutura: pontes, rodovias, redes de internet... Total: US$ 550 bilhões de dólares (R$ 2,6 trilhões, na cotação atual).

A "Inflation Reduction Act" ("Lei de Redução da Inflação") é um programa de US$ 430 bilhões (R$ 2,08 trilhões, na cotação atual) destinado a acelerar a transição energética, mas, acima de tudo, para promover produtos "Made in America". Também reduz algumas despesas de saúde da família.

A "CHIPS Act" é a mais recente iniciativa da lista, que, com US$ 280 bilhões (R$ 1,35 trilhão, na cotação atual) em dez anos, visa a incentivar a instalação de usinas tecnológicas de ponta nos Estados Unidos.

- Reativação -

"A estratégia do presidente incentivou a maior reativação de todas as grandes economias do mundo": essa é a mensagem lançada pela Casa Branca em um memorando recente.

O FMI espera que os Estados Unidos cresçam 1,6% este ano, o dobro da Zona do Euro. E o desemprego voltou aos níveis pré-pandêmicos, abaixo de 4%. Os dados da Casa Branca são de que 14 milhões de postos de trabalho foram criados durante o governo Biden.

Mas, de acordo com uma pesquisa CBS News/YouGov do início de junho, 63% da população acredita que a economia está indo mal, ou muito mal. 

- Estratégia de risco -

Apostar na economia e no emprego tem os seus riscos. Após uma forte recuperação da pandemia do coronavírus, os Estados Unidos não estão a salvo de uma recessão, que pode ter um efeito bumerangue para Biden.

O contexto de altas taxas de juros para combater a inflação é um freio à demanda. A inflação está se moderando gradualmente, mas as taxas, de acordo com o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano), podem continuar subindo.

Segundo pesquisa do Pew Research Center, o custo de vida é a principal preocupação dos americanos.

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© Agence France-Presse