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Tribunal de Hong Kong decreta falência do grupo imobiliário chinês Evergrande

24.set.2021 - Bandeiras chinesas são vistas perto do logotipo do China Evergrande Group no Evergrande Center em Xangai, China Imagem: REUTERS / Aly Song

29/01/2024 07h57

Um tribunal de Hong Kong ordenou nesta segunda-feira (29) a liquidação do grupo imobiliário chinês Evergrande, mas a empresa afirmou que continuará em operação, um caso que virou um símbolo dos crescentes problemas econômicos da China.

A Evergrande, com sede em Foshan, sul do país, era a maior incorporadora imobiliária da China, com quase 70.000 funcionários em jornada integral no fim de 2022. Mas o grupo acumulou dívidas de mais de 300 bilhões de dólares (1,475 trilhão de reais) e se tornou um emblema da crise do setor que afeta a segunda maior economia do mundo há vários anos.

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Porém, ainda é necessário saber como uma decisão anunciada na região semiautônoma chinesa de Hong Kong pode ser aplicada na China continental, onde as leis são diferentes.

Diante da "óbvia ausência de avanços por parte da empresa para apresentar uma proposta de reestruturação viável (...) considero apropriado que o tribunal emita uma ordem de liquidação contra a empresa e assim a ordeno", decidiu a juíza Linda Chan.

Na sentença, Chan escreveu que os interesses dos credores seriam "melhor protegidos" se a empresa fosse dissolvida e liquidantes independentes pudessem administrar o grupo para proteger os ativos e reestruturar da maneira necessária.

Edward Middleton e Tiffany Wong, do escritório de advocacia Alvarez & Marsal, foram nomeados por Chan como liquidantes.

A direção do grupo imobiliário afirmou que a decisão do tribunal de Hong Kong não terá nenhum impacto em suas operações na China continental, mas para vários analistas a sentença diminui ainda mais a confiança dos investidores estrangeiros no país.

O CEO da Evergrande, Shawn Sui, chamou a decisão do tribunal de "lamentável".

Em um comunicado, ele afirmou que a filial de Hong Kong da Evergrande é independente das operações chinesas do grupo e que a empresa "sempre se esforçará ao máximo para salvaguardar a estabilidade de seus negócios e operações nacionais".

O credor Top Shine Global apresentou em 2022 um pedido de liquidação da Evergrande, mas o caso se arrastava enquanto as duas partes tentavam negociar um acordo, que não apresentou resultados.

- Crise imobiliária -

Após a audiência, um advogado que representa os credores da Evergrande disse que a empresa "é a única responsável pela liquidação".

As ações da empresa registraram queda expressiva de 20% na Bolsa de Hong Kong e as negociações de seus títulos foram interrompidas.

A cotação da filial de veículos elétricos do grupo também foi interrompida.

As autoridades chinesas monitoram de perto a falência da Evergrande, que registrou seu primeiro 'default' (falta de pagamento) da dívida em 2021 e declarou falência nos Estados Unidos, porque o grupo era um pilar da economia do país.

O setor de construção e imobiliário da China já chegou a representar 25% do PIB nacional. Durante décadas, os proprietários pagavam por suas novas casas residências antes da construção e os grupos imobiliários financiavam seus novos empreendimentos com empréstimos.

Mas nos últimos anos, o enorme endividamento do setor passou a ser considerado pelas autoridades como um risco significativo para a economia e o sistema financeiro do país.

A partir de 2020, Pequim passou a intensificar gradualmente as condições de acesso ao crédito para os grupos imobiliários, o que secou as fontes de financiamento para empresas que já estavam endividadas.

No final de junho, a Evergrande calculou que suas dívidas alcançavam 328 bilhões de dólares.

Shane Oliver, analita da empresa de serviços financeiros AMP, considerou a decisão um "novo passo" na crise imobiliária chinesa.

"A crise imobiliária está longe de ser resolvida e permanece como um fardo para a economia chinesa", concluiu.

hol-dhc/sn/mas/atm/mas/zm/bc/zm/fp/aa

© Agence France-Presse

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