Mulheres são mais afetadas do que homens pela mudança climática, alerta FAO
As ondas de calor e as inundações afetam mais as mulheres que os homens no campo pela mudança climática e intensificam as desigualdades já existentes, segundo um relatório da FAO desta terça-feira (5).
"A ausência de políticas para combater os impactos desiguais das alterações climáticas na população rural vai intensificar o grande fosso que já existe entre os que têm e os que não têm, e entre homens e mulheres", disse a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO).
Os cientistas estimam que as temperaturas globais atuais são atualmente cerca de 1,2º C mais altas em geral do que em meados do século 19, o que causa um aumento implacável das condições climáticas extremas destrutivas como inundações, secas e ondas de calor.
No meio rural as mulheres assumem muito mais as tarefas domésticas e de cuidado de pessoas, o que limita as suas oportunidades de estudo e emprego, disse a FAO.
Esta situação condiciona-os quando tomam a decisão de emigrar, ou de se dedicarem a atividades não agrícolas, quando as alterações climáticas afetam as suas culturas.
Se estas "diferenças significativas existentes" nos salários entre as mulheres e os homens do campo não forem enfrentadas, o fosso piorará, acrescentou o relatório.
A FAO analisou dados de 109.341 lares em 24 países de baixa e média renda, e os cruzou com dados de chuva, neve e temperatura ao longo de 70 anos.
Nas zonas rurais, as famílias mais pobres têm um acesso limitado a recursos, serviços e empregos, o que pode dificultar o combate às alterações climáticas.
Em média, perdem 5% a mais de renda que os lares mais ricos devido às ondas de calor, e mais de 4% devido às inundações, segundo o estudo. As famílias em que a mulher é chefe de família são ainda mais afetadas, uma vez que perdem proporcionalmente 8% mais do seu rendimento devido ao calor excessivo e 3% mais devido às inundações em relação aos seus pares masculinos.
Isto equivale a uma queda média de renda por pessoa de 83 dólares devido aos episódios de calor extremo e 35 dólares devido às inundações.
Extrapolando isso para todos os países em desenvolvimento, essas perdas totalizaram 37 bilhões (183 bilhões de reais) e 16 bilhões (79 bilhões de reais), respectivamente, segundo o relatório.