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Depois da França, Xi Jinping continua giro europeu na Sérvia

07/05/2024 09h09

Após conversar com Emmanuel Macron entre os detalhes dourados do Palácio do Eliseu e a paisagem nevada dos Pirineus franceses, o presidente chinês, Xi Jinping, chegou, na noite desta terça-feira (7), à Sérvia para continuar sua primeira viagem europeia pós-covid.

O mandatário chinês "chegou a Belgrado em um avião especial na noite de 7 de maio para realizar uma visita de Estado" ao país dos Bálcãs, informou a televisão estatal chinesa CCTV.

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No segundo dia de sua visita, o presidente Macron levou seu par chinês aos Pirineus, no sudoeste da França, para um diálogo mais direto sobre a Ucrânia e as divergências comerciais.

Os dois dirigentes, acompanhados de suas esposas, chegaram no início da tarde ao Col du Tormalet, mítica passagem do Tour de France, a 2.115 metros de altitude.

Os casais presidenciais foram recebidos por mulheres com trajes típicos que dançavam, com braços para o alto, ao ritmo marcado por uma flauta e um acordeão, enquanto nevava.

Peng Liyuan, a esposa de Xi Jinping, seguiu o ritmo com as mãos.

Macron pediu uma foto de recordação antes de entrar no restaurante de seu amigo pecuarista Éric Abadie e de oferecer a seu colega vários presentes: mantas de lã dos Pirineus, uma garrafa de Armagnac, boinas, uma camiseta amarela do Tour...

"Sei que gosta de esportes [...] Ficaríamos encantados de ter corredores chineses no Tour", disse Macron a Xi.

O mandatário chinês prometeu promover o presunto local e confessou que gostava "muito dos queijos".

- 'Concorrência leal' -

Com essa viagem, o líder liberal quis retribuir Xi, que o recebeu em 2023 com uma cerimônia do chá em Guangzhou na residência oficial onde seu pai viveu quando era governador da província.

"A sequência de hoje representa essa intimidade que buscávamos entre os dois líderes para manter um diálogo amistoso, mas também muito franco", disse a Presidência francesa sem dar mais detalhes. 

Isso contrasta com a pompa de boas-vindas na véspera em Paris, onde não esconderam suas divergências comerciais.

Na segunda-feira, o francês pediu "um marco de concorrência leal" entre China e União Europeia (UE), e a titular da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, presente em uma das conversas, advertiu que tomaria "decisões firmes" para "proteger" a economia europeia.

Von der Leyen criticou, por exemplo, a chegada à UE de carros elétricos chineses altamente subsidiados.

"O chamado problema de 'sobrecapacidade da China' não existe nem da perspectiva da vantagem competitiva nem à luz da demanda mundial", respondeu o dirigente comunista.

Em relação à Ucrânia, Xi se mostrou mais conciliador, ao reafirmar sua vontade de trabalhar por uma solução política. Também apoiou uma "trégua olímpica" de todos os conflitos durante os Jogos em julho e agosto em Paris.

Segundo uma fonte diplomática francesa, essa trégua pode servir para lançar um processo político após mais de dois anos de conflito na Ucrânia.

Paris quer que Pequim, principal aliado da Rússia, pressione Moscou para acabar com a guerra, embora esteja consciente das poucas possibilidades de uma rápida resposta. Xi deverá receber seu homólogo russo, Vladimir Putin, em breve.

- 'Sedução' -

O presidente francês também abordou na segunda-feira com seu par chinês a delicada questão dos direitos humanos, em especial "alguns casos individuais", indicou seu gabinete.

O Col du Tourmalet está "diretamente ligado à história muito pessoal" de Macron, que passou muitas férias com seus avós nessa região, explica seu entorno.

"A diplomacia de Emmanuel Macron sempre apostou, talvez excessivamente, no poder de sedução", analisa Bertrand Badie, especialista em Relações Internacionais da Universidade Sciences Po.

"Mas isso significa não conhecer bem Xi Jinping, que não é muito sentimental", alerta.

O presidente chinês deixou a França pela tarde em direção à Sérvia, a segunda etapa de sua viagem europeia que termina na Hungria.

A visita a Belgrado coincide com o 25º aniversário do bombardeio mortal da Otan contra a embaixada da China na Iugoslávia em 1999, que foi atribuído a um erro de cartografia da CIA.

"Nunca devemos nos esquecer disso. O povo chinês ama a paz, mas não permitiremos nunca que uma história tão trágica se repita", disse Xi ao jornal sérvio Politika.

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© Agence France-Presse

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