Puigdemont quer liderar governo independentista minoritário na Catalunha
Carles Puigdemont, o líder independentista catalão que fugiu da Espanha em 2017, anunciou nesta segunda-feira (13) no sul da França que tentará formar um governo regional separatista e de minoria após ficar em segundo lugar nas eleições.
"Acreditamos que há boas opções de investidura e, portanto, [quero] anunciar minha intenção de apresentar minha candidatura à presidência", disse Puigdemont em um coletiva de imprensa em Argelès-sur-Mer, no dia seguinte às eleições regionais vencidas pelo Partido Socialista (PSOE) do presidente do Governo espanhol Pedro Sánchez, mas sem maioria absoluta.
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Apesar dos socialistas vencerem com folga nesta região-chave de oito milhões de habitantes, a formação liderada na Catalunha por Salvador Illa terá que fazer alianças para formar o governo.
A sua situação parece, no entanto, mais confortável do que nas últimas eleições de fevereiro de 2021, quando seus 33 assentos e sua vitória em votos foram insuficientes diante da maioria de 74 cadeiras conquistadas pelo bloco separatista.
Puigdemont afirmou que já contatou a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), o outro grande partido independentista da Catalunha, para criar "um governo soberano".
As eleições de domingo representaram uma dura derrota para o movimento independentista, que perdeu a maioria no Parlamento mais de seis anos depois da tentativa fracassada de secessão de 2017, liderada por Puigdemont, então presidente da região, que refugiou-se no exterior para evitar a Justiça.
O Juntos pela Catalunha, o partido de Puigdemont avançou ao obter 35 cadeiras, três a mais que na votação anterior, mas o ERC, partido do atual presidente regional Pere Aragonès, ruiu ao obter apenas 20 assentos, uma perda de 13 cadeiras, enquanto o CUP, partido independentista de extrema esquerda caiu de nove para quatro assentos.
Os três partidos somariam apenas 59 vagas e mesmo que fossem acrescentadas às duas da Aliança Catalã, uma nova formação separatista de extrema direita - com a qual Juntos, ERC e CUP garantiram que não se unirão - , as formações independentistas ainda estariam muito longe da maioria absoluta de 68 assentos.
Puigdemont havia prometido que se aposentaria da política se fracasse nas eleições. Mas na segunda-feira estimou que tinha mais chances do que o socialista Illa de formar um governo. "Temos potencialmente mais opções, disse na campanha eleitoral, de uma investidura no segundo turno no Parlamento", argumentou.
Apesar da derrota, a ERC tem um papel fundamental, uma vez que seu apoio parece essencial tanto para os socialistas quanto para Puigdemont se quiserem formar um governo.
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