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Mulino promete fechar Panamá para migrantes e EUA pagará repatriações

01/07/2024 16h35

O novo presidente do Panamá, José Raúl Mulino, prometeu nesta segunda-feira (1º) evitar que seu país sirva como rota para migrantes que atravessam a selva do Darién em direção aos Estados Unidos, cujo governo se comprometeu a financiar as repatriações.

"O Panamá não será mais um país de trânsito para os ilegais", afirmou com firmeza em seu discurso de posse no Centro de Convenções Atlapa, na Cidade do Panamá, diante de autoridades estrangeiras, seu gabinete e os novos deputados.

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Mulino alertou que seu país não pode seguir "financiando o custo econômico e social da migração" através do Darién, na fronteira com a Colômbia, por onde passaram meio milhão de pessoas em 2023.

Após a cerimônia, o novo chanceler, Javier Martínez-Acha, assinou um acordo com o secretário de Segurança Interna dos Estados Unidos, Alejandro Mayorkas, no qual o governo de Joe Biden se compromete a "cobrir os custos" da repatriação de migrantes que "entram ilegalmente" no Panamá pelo Darién.

Em seu discurso, Mulino, advogado de 65 anos que inicia um mandato de cinco, também se comprometeu a revitalizar a economia panamenha, que é dependente de seu canal interoceânico.

- Transporte e logística dos EUA -

Segundo o convênio firmado por Mayorkas, os Estados Unidos se comprometem a "apoiar o Panamá com equipes, transporte e logística" contra "fluxos migratórios irregulares", enquanto o governo de Mulino promete respeitar os direitos humanos, de acordo com um comunicado oficial.

Mais cedo nesta segunda, Mulino também discutiu a crise migratória com o presidente colombiano Gustavo Petro, que esteve presente na cerimônia de posse.

"Compreendo que há razões profundas na migração, mas cada país precisa resolver seus problemas", disse Mulino em seu discurso.

Mais de 200 mil pessoas, a grande maioria venezuelanas, passaram este ano pelo estreito de Darién, onde operam organizações criminosas que sequestram, roubam e violentam migrantes. Muitos morrem na floresta inóspita.

Um acordo migratório com o Panamá cabe "como uma luva" em um ano eleitoral nos Estados Unidos, mas a "viabilidade" do plano é "questionável" porque a fronteira "é muito porosa" e as repatriações "precisam de colaboração multilateral", afirmou a cientista política Sabrina Bacal à AFP.

- Atoleiro econômico e Panama Papers -

Mulino afirmou receber um país em um "atoleiro" econômico, com um déficit fiscal de 7,4%, uma dívida pública de 50 bilhões de dólares (263,3 bilhões de reais na cotação atual) e um sistema de segurança social em colapso.

"Com passos firmes, vamos implementar um plano econômico que inclui austeridade dos gastos, obras públicas, atração de investimentos e recuperação da confiança dos mercados internacionais no Panamá", prometeu em seu discurso.

O novo presidente deverá buscar com urgência um projeto para garantir o abastecimento de água no Canal do Panamá, motor da economia (6% do PIB) que no último ano teve que reduzir o trânsito de navios devido a uma seca agravada pela mudança climática.

Mulino também garantiu que vai limpar a imagem do país, seriamente prejudicada pelo escândalo "Panama Papers", uma investigação baseada no vazamento de milhões de documentos do escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca.

"Na verdade, foi uma trama internacional para minar a imagem e a competitividade do nosso país", afirmou, lembrando que na sexta-feira um tribunal local absolveu 28 acusados de lavagem de dinheiro relacionados ao caso.

- 'Meu amigo' Martinelli -

Mulino chegou ao poder impulsionado pela popularidade do controverso ex-presidente Ricardo Martinelli (2009-2014), a quem substituiu como candidato nas eleições de 5 de maio. O ex-mandatário está asilado desde março na embaixada da Nicarágua após uma condenação de quase 11 anos por lavagem de dinheiro.

O futuro de Martinelli e o papel que desempenhará em seu governo é, contudo, uma incógnita, pois muitos se perguntam se ele receberá um salvo-conduto ou um indulto.

"Tenho orgulho de ter sido parte desse governo que nos fez sonhar alto e que o presidente Martinelli, meu amigo, liderou em benefício do povo", disse Mulino, que foi ministro da Segurança nessa administração.

Nesta segunda-feira, o ex-presidente recebeu a visita do ministro das Relações Exteriores da Nicarágua, Denis Moncada, na embaixada, segundo uma foto publicada no Instagram em que aparecem apertando as mãos.

Mulino governará com um Congresso (71 assentos) no qual os independentes são maioria, mas seu partido Realizando Metas (RM), fundado por Martinelli, controla o Conselho de Administração e seus 13 deputados poderão dominar o Parlamento em aliança com partidos tradicionais.

jjr-mis/nn/yr/ic/jb/am/rpr

© Agence France-Presse

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