Brasil lamenta ausência de Milei em cúpula do Mercosul

O Brasil lamenta a ausência do presidente argentino, Javier Milei, na reunião de cúpula do Mercosul no próximo domingo, em Assunção, mas isso não impedirá que o bloco tome decisões, afirmou nesta quarta-feira (3) a embaixadora Gisela Padovan, secretária de América Latina e Caribe.

A decisão de Milei de faltar à reunião, na qual ele será representado por sua chanceler, Diana Mondino, impede um encontro com seu par brasileiro e rival ideológico, Luiz Inácio Lula da Silva.

"A gente lamenta (...) Politicamente é lamentável que um presidente decida não se reunir com seus parceiros", disse Gisela em Brasília, ao ser questionada sobre o assunto. Mas "a cúpula ocorrerá" e "assinaremos tudo o que tem para assinar", afirmou a embaixadora.

A tensão aumentou após uma troca recente de declarações entre os dois chefes de Estado. Milei se referiu a Lula na última sexta-feira como um "esquerdinha" com "o ego inflado", e se recusou a se desculpar por tê-lo chamado, meses atrás, de "esquerdista selvagem", "comunista" e "corrupto".

O líder ultraliberal, contudo, viajará no próximo sábado ao Brasil, onde está prevista a sua participação em uma conferência conservadora que também contará com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro, próximo ideologicamente de Milei.

Gisela Padovan disse que as autoridades não receberam "nenhuma confirmação oficial" sobre a presença de Milei em território brasileiro. Segundo a presidência argentina, um encontro entre o presidente argentino e Bolsonaro "não está confirmado".

A cúpula do Mercosul deve concretizar a adesão da Bolívia como membro pleno do bloco, criado em 1991 por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, disse a diplomata. O parlamento boliviano ainda precisa aprovar o protocolo de adesão.

Gisela descartou, por outro lado, uma declaração do Mercosul sobre as eleições presidenciais de 28 de julho na Venezuela, cujo status de membro do bloco foi suspenso em 2017 por "ruptura da ordem democrática".

Lula viajará na terça-feira à cidade boliviana de Santa Cruz de la Sierra, para uma reunião bilateral com o presidente Luis Arce. Além de revisar a agenda de integração e comércio entre os dois países, o presidente "se solidarizará" com Arce pela tentativa de golpe militar do mês passado.

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Gisela indicou que Lula não tem planos de se reunir com o ex-presidente Evo Morales - rival de Arce na esquerda boliviana -, que, como Milei, questiona a versão oficial sobre a tentativa de golpe.

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© Agence France-Presse

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