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Guterres alerta Netanyahu que expulsar agência para refugiados de Gaza seria uma 'catástrofe'

António Guterres em Assembleia Geral das Nações Unidas Imagem: Nações Unidas/Reprodução de vídeo

08/10/2024 15h20

O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse, nesta terça-feira (8), que escreveu ao premiê israelense, Benjamin Netanyahu, para expressar sua "preocupação" com uma iniciativa parlamentar para expulsar a agência de refugiados da organização, UNRWA, de Gaza e dos Territórios Ocupados, o que representaria uma "catástrofe".

"Escrevi diretamente ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, para expressar minha profunda preocupação com o projeto de lei que poderia impedir a UNRWA de continuar seu trabalho essencial no território palestino ocupado", disse Guterres à imprensa.

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"Em meio a toda a agitação, a UNRWA, mais do que nunca, é indispensável. A UNRWA é, mais do que nunca, insubstituível", alertou. 

A comissão de Assuntos Exteriores e Defesa do Parlamento israelense, o Knesset, aprovou no domingo dois projetos de lei destinados a pôr fim à atividade e aos privilégios da UNRWA em Israel.

Um deles pretende impedir que a organização para os refugiados palestinos preste qualquer serviço ou atividade em Israel e o segundo tornará sem efeito o acordo que permite a atividade da agência e eliminaria a imunidade de seus trabalhadores em território israelense.

Antes do conflito, a agência oferecia cuidados médicos e educação para grande parte da população de Gaza.

A expulsão dessa agência da ONU "sufocaria os esforços para aliviar o sofrimento humano e as tensões em Gaza" e "seria uma catástrofe em um desastre já sem paliativos", advertiu Guterres, que considera este pequeno território "o marco zero de um sofrimento humano difícil de imaginar".

As atividades da UNRWA "fazem parte integral" da resposta humanitária da ONU em Gaza, disse Guterres, para quem "não é factível isolar uma agência da ONU das demais".

A UNRWA, que há décadas fornece assistência humanitária aos refugiados palestinos em Gaza, Jordânia, Líbano, Síria e Cisjordânia, está na alça de mira das autoridades israelenses, que acusaram 12 de seus funcionários de participar do ataque do movimento islamista palestino Hamas em 7 de outubro de 2023 em Israel, que foi o gatilho para a guerra que agora se estende pela região, particularmente no Líbano.

"Ainda há tempo de parar", apesar da iminência de uma guerra total no Líbano e de que o conflito na região se aprofunde, disse Guterres.

"Cada ataque aéreo, cada lançamento de míssil, cada foguete disparado, afasta ainda mais a paz e agrava o sofrimento dos milhões de civis presos no meio", advertiu.

E aproveitou para lembrar à comunidade internacional que foram recebidos apenas 12% dos US$ 426 milhões solicitados para o Líbano (R$ 2,35 bilhões, na cotação atual).

af/dga/ic/jb/mvv/jb

© Agence France-Presse

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