Desiludidos, migrantes pedem a Trump que não lhes feche as portas
Leopoldo Ferman torcia pela vitória de Kamala Harris, mas, agora, pede que Donald Trump abra as portas dos Estados Unidos para aqueles que buscam apenas uma vida melhor e mantenha os criminosos longe.
Em um albergue na fronteiriça Ciudad Juárez, esse mexicano e outros migrantes da América Latina acompanharam a vitória de Trump, que prometeu fazer a maior deportação de imigrantes da história americana.
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"Estava esperando uma vitória de Kamala, pois foi Trump quem ergueu o muro", disse Ferman à AFP, sobre a barreira que o republicano ampliou ao longo da fronteira em seu primeiro mandato. "Mas não temos nada contra ele, apenas esperamos uma melhora", acrescentou esse mestre de obras, que tenta agendar uma data para solicitar asilo no aplicativo habilitado por Joe Biden para conter a imigração ilegal.
"Não sei o que virá. O mais importante é que prestem atenção nas pessoas que estão entrando, porque muitos são do crime organizado", ressaltou Ferman, 47.
- Excluir os maus -
Em meio às advertências de Donald Trump e Kamala Harris sobre medidas mais duras contra a imigração ilegal, muitos migrantes optam pelo aplicativo CBP One para tentar entrar legalmente nos Estados Unidos. Isso fez com que as travessias ilegais caíssem de 250 mil em dezembro de 2023 para quase 54 mil em setembro de 2024, segundo o governo Biden.
Enquanto aguarda uma data, o peruano Francisco Riveros, de 40 anos, que deixou seu país há um mês, diz acreditar que a eleição de Trump pode ser positiva. "Acho bom ele ter vencido, que coloque ordem no país e em tudo o que é América", disse à AFP, no albergue La Esperanza. "Ele disse que haveria melhoras, que entrariam imigrantes selecionados, e não mais criminosos, apenas trabalhadores".
Antes da sua eleição, Trump ameaçou impor tarifas de 25% ao México se o país não freasse "a investida de criminosos e drogas" que entram nos Estados Unidos.
- Contraste -
O otimismo de Riveros contrasta com a tristeza da venezuelana Yuliana Gamboa, de 20 anos, que vendia doces hoje com seu companheiro, Daniel Córdova, e o filho de 2 anos nas ruas da Guatemala, para seguir viagem pela estrada até os Estados Unidos.
Yuliana também busca cruzar a fronteira legalmente. "Mas, com o que ele disse, não sabemos se será possível", lamentou. "Que nos deem a oportunidade de trabalhar e seguir em frente", disse Córdova, cuja família está entre os quase 8 milhões de venezuelanos que deixaram aquele país devido à crise econômica.
A venezuelana Deimirys Leuche, de 21 anos, que chegou ontem à Guatemala com oito parentes, também pediu que Trump não lhes "feche a porta". "Já não tínhamos vida, e a situação não vai melhorar", disse, referindo-se à reeleição questionada do presidente Nicolás Maduro.
Essa jovem cozinheira observou que, no passado, a linha dura não conseguiu conter o fluxo de pessoas que fogem da pobreza e da violência: "As fronteiras sempre estiveram fechadas e nunca a imigração nunca parou".
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