Supermercados Carrefour sob ameaça de boicote no Brasil por impasse no acordo UE-Mercosul
Os supermercados da rede francesa Carrefour no Brasil enfrentam uma ameaça de boicote pelo anúncio do grupo de que não venderá carne dos países do Mercosul na França.
A disputa está relacionada com a oposição da França a concluir um acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul - integrado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai -, em meio a protestos de agricultores franceses, que temem que o pacto abra a porta a uma concorrência desleal.
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Na quarta-feira, o diretor-executivo do Carrefour, Alexandre Bompard, disse aos sindicatos franceses que a rede de supermercados "não venderá nenhuma carne procedente do Mercosul".
O anúncio causou indignação no Brasil, onde o governador do Mato Grosso lidera uma convocação para boicotar as lojas do Carrefour em nível nacional.
"Do jeito que você me trata, eu posso também te tratar. Então, se o Brasil não serve para vender carne para eles, então eles não servem para vender produtos franceses", manifestou-se o governador mato-grossense, Mauro Mendes (União), em um vídeo publicado na sexta-feira nas redes sociais.
"Como cidadão, não vou mais comprar nas lojas deles", disse, recebendo forte apoio na internet.
O Carrefour enfatizou que a negativa associada à carne do Mercosul se aplica apenas aos estabelecimentos franceses do grupo.
No entanto, segundo a imprensa local, caminhões de distribuição de carne se negaram a abastecer cerca de 150 supermercados da rede Carrefour no Brasil.
O Grupo Carrefour Brasil negou, em um comunicado, que algumas de suas lojas estivessem desabastecidas de carne.
"É improcedente a alegação de que [...] há desabastecimento de carne nas lojas do Grupo Carrefour Brasil. Tal alegação, veiculada sem identificação de fonte, contribui para desinformação", informou o grupo.
"A comercialização do produto ocorre normalmente nas lojas. Nenhuma loja está desabastecida", acrescentou.
O governo francês se opôs firmemente ao acordo entre a UE e o Mercosul, um pacto negociado há muito tempo, que reacendeu a revolta dos agricultores de toda a União Europeia.
O presidente francês, Emmanuel Macron, participou, em 18 e 19 de novembro, da cúpula do G20, no Rio. Antes, ele esteve na Argentina, onde o presidente Javier Milei disse que "não estava satisfeito" com o pacto.
No entanto, a Comissão Europeia, braço executivo da UE, tem a intenção de concluir rapidamente o acordo comercial com o Mercosul, cujos termos foram acordados em 2019. Alemanha e Espanha também expressaram impaciência para ver o acordo fechado.
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© Agence France-Presse