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Líderes europeus condenam intervenções de Musk em questões internas de outros países

06/01/2025 11h43

Dirigentes europeus, entre eles o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e o presidente francês, Emmanuel Macron, juntaram-se, nesta segunda-feira (6), às críticas de sábado do chanceler alemão, Olaf Scholz, contra Elon Musk, após as declarações do bilionário americano sobre questões de política interna de outros países.

O trabalhista Starmer, uma das vítimas favoritas do magnata, denunciou que "aqueles que espalham mentiras e desinformação não estão interessados nas vítimas, mas em si próprios", depois de Musk ter mencionado, na quinta-feira no X, um caso de exploração sexual de mais de 1.500 meninas na Inglaterra entre 1997 e 2013, no qual as autoridades foram culpadas por não terem tomado medidas.

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"No Reino Unido, crimes graves como o estupro exigem a aprovação do Ministério Público antes que a polícia possa acusar os suspeitos. Quem estava no comando do CPS [a Procuradoria-Geral do Estado] quando as gangues de estupradores foram autorizadas a explorar meninas sem enfrentar a justiça? Keir Starmer", escreveu o bilionário americano.

Emmanuel Macron acusou Musk, o homem mais rico do mundo, proprietário da rede social X e aliado-chave do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, de apoiar uma "nova internacional reacionária" e de interferir nas eleições, particularmente na Alemanha.

- "Linha cruzada" -

Questionado sobre os ataques de Musk, Starmer defendeu, nesta segunda-feira, a sua carreira à frente do CPS, entre 2008 e 2013, afirmando que "reabriu processos" e que "apresentou as primeiras acusações contra uma rede de exploração asiática".

Em resposta a inúmeras perguntas da mídia sobre o assunto, Starmer insistiu em não querer destacar Musk, cujo nome não mencionou, mas disse que "uma linha foi cruzada" com algumas das críticas, denunciando o "veneno da extrema direita" sobre este assunto.

No entanto, Musk afirmou nesta segunda-feira que Starmer e outro primeiro-ministro trabalhista, Gordon Brown, estavam entre os cúmplices dos crimes sexuais, e acrescentou em uma publicação que este último "vendeu essas meninas em troca de votos", além de chamar Starmer de "desprezível".

A líder conservadora Kemi Badenoch escreveu nesta segunda-feira no X que apresentará uma emenda ao Parlamento na quarta-feira exigindo uma "investigação completa sobre o escândalo de assédio sexual por parte de gangues de estupradores".

Nas mensagens de quinta-feira, Musk também exigiu a libertação do agitador britânico de extrema direita Tommy Robinson, recentemente condenado a 18 anos de prisão por violar uma decisão judicial que o proibia de repetir comentários difamatórios sobre um refugiado sírio.

O presidente francês, Emmanuel Macron, em um discurso aos embaixadores do seu país, referiu-se ao apoio do magnata ao partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD). 

"Há dez anos, se nos tivessem dito que o dono de uma das maiores redes sociais do mundo apoiaria uma nova internacional reacionária e interviria diretamente nas eleições, inclusive na Alemanha, quem o teria imaginado?", questionou.

- Noruega expressa preocupação -

Por último, o primeiro-ministro da Noruega, Jonas Gahr Støre, também expressou preocupação nesta segunda-feira e disse à rádio pública NRK que estava "preocupado que um homem com um acesso considerável às redes sociais e recursos econômicos significativos esteja envolvido tão diretamente nos assuntos internos de outros países".

Todos eles se uniram ao chanceler alemão, Olaf Scholz, que condenou as "declarações erráticas" de Musk, assim como o seu apoio à AfD, em uma entrevista à revista Stern publicada no sábado, um mês e meio antes das eleições parlamentares antecipadas, previstas para 23 de fevereiro.

Scholz defendeu manter a calma face às declarações de Musk que, citado pela revista Stern, o chamou de "louco" no início de novembro e depois de "imbecil incompetente" em 20 de dezembro.

Desde que se envolveu politicamente com Donald Trump e desempenhou um papel de liderança na sua campanha, Musk multiplicou o seu apoio aos representantes da extrema direita em outros países.

As suas intervenções colocaram alguns líderes europeus em uma situação delicada, poucos dias antes do retorno à Casa Branca de Trump, que confiou a Musk a missão de reduzir os gastos públicos.

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© Agence France-Presse

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