Brasil encerrou 2024 com inflação de 4,83%, acima do teto oficial
A inflação subiu em dezembro no Brasil e encerrou 2024 em 4,83% para o período de 12 meses, acima do teto, segundo dados oficiais divulgados nesta sexta-feira (10).
O índice de preços ao consumidor (IPCA) foi de 0,52% em dezembro, levemente menor que no mesmo mês de 2023 (0,56%), mas acima do 0,39% registrado em novembro, informou o IBGE.
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O indicador de preços demonstrou as dificuldades do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para reduzir a inflação, ao mesmo tempo em que reforçou a política do Banco Central (BCB) de manter alta a Selic, sua taxa básica de juros.
A inflação de 2024 se explica em parte pelo aumento do preço dos alimentos e bebidas (7,69% em 12 meses) em um ano em que os cultivos foram afetados por inundações e secas.
"O índice foi puxado pela alta dos itens alimentícios, que sofreram influência de condições climáticas adversas em vários períodos do ano e em diferentes localidades do país", disse, em nota, Fernando Gonçalves, gerente do IPCA.
Além disso, a gasolina teve - assim como ocorreu em 2023 - o maior impacto individual, acumulando um aumento de 9,71% no ano, ressaltou o especialista.
O índice de 4,83% superou o teto da meta de inflação do Banco Central, fixado em 4,5%.
Mas está levemente abaixo das projeções do mercado, que esperava que o IPCA se situasse em 4,89%, segundo o último boletim Focus do Banco Central.
A aceleração do ritmo inflacionário foi uma preocupação constante em 2024. Em resposta, o BCB iniciou em setembro um ciclo de ajustes, elevando a Selic até 12,25%, uma das mais altas de juros do mundo, sob críticas de Lula.
O ano também viu uma forte desvalorização do real frente ao dólar, que no fim de novembro superou o nível histórico de R$ 6.
No entanto, o Brasil também demonstrou bons indicadores macroeconômicos, com um crescimento de 0,9% do Produto Interno Bruto no terceiro trimestre e um aumento esperado de mais de 3% em 2024.
Recentemente, o desemprego alcançou seu nível mais baixo desde 2012, com um percentual de 6,1% no período de setembro a novembro.
"Ainda temos enormes desafios pela frente, mas o Brasil tem hoje uma economia forte, que continua a crescer", disse Lula em 23 de dezembro, em pronunciamento de Natal, transmitido por rede nacional de rádio e TV.
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