Topo

Paróquia citada na Lava Jato também recebeu dinheiro de outras construtoras

Missa na Paróquia São Pedro, em Taguatinga (DF) - Divulgação
Missa na Paróquia São Pedro, em Taguatinga (DF) Imagem: Divulgação

Yara Aquino

Da Agência Brasil, em Brasília

13/04/2016 16h14

A Paróquia São Pedro, no Distrito Federal, citada na 28ª fase da Operação Lava Jato por ter recebido R$ 350 mil da construtora OAS, também obteve doações das construtoras Andrade Gutierrez e Via Engenharia.

Em nota divulgada nesta quarta-feira (13), o padre Moacir Anastácio de Carvalho, responsável pela igreja, diz que, em maio de 2014, a Paróquia São Pedro recebeu um depósito de R$ 350 mil da OAS por intermédio do ex-senador Gim Argello, que é frequentador da igreja e foi preso ontem (12).

Em junho do mesmo ano, a Andrade Gutierrez repassou R$ 300 mil para a igreja, com intermediação espontânea do então governador do DF Agnelo Queiroz (PT). A paróquia também confirma que recebeu doação da Via Engenharia, mas não informou data nem valores.

Na nota, o pároco diz que os recursos foram doações para o evento de Pentecostes e outras obras sociais e que a paróquia não teve contato com os dirigentes das empresas. A instituição diz ainda que as doações estão todas "contabilizadas e à disposição das autoridades".

"Por sermos uma instituição religiosa, que sobrevive basicamente de doações, jamais celebramos qualquer tipo de contrato de prestação de serviços com a construtora OAS ou com qualquer outra empresa", diz a nota.

De acordo com o padre Moacir, há 17 anos a paróquia realiza o evento Semana de Pentecostes e sempre recebeu doações para custeio das despesas.

Em 2014, um deputado distrital integrante da coordenação do evento se ofereceu para conseguir patrocinadores e pediu a ajuda de Gim Argello, que então teria procurado a OAS, conta o religioso.

Ontem, o MPF-PR (Ministério Público Federal no Paraná) informou que "não há indicativo de que a paróquia tenha participado do ilícito ou de que tivesse conhecimento da origem ilícita dos valores".

O ex-senador Gim Argello foi preso preventivamente, em Brasília, sob suspeita de ter recebido propina em troca de sua atuação política em comissões parlamentares de inquérito que investigavam corrupção na Petrobras.

A 28ª fase da Lava Jato, deflagrada ontem, recebeu o nome de Vitória de Pirro e cumpriu mandados judiciais em Brasília, Rio de Janeiro, Taguatinga (DF) e São Paulo.

Defesa

A família do ex-senador Gim Argello emitiu nota ontem na qual manifesta "indignação" com a medida. "Sua prisão --baseada apenas em denúncias não confirmadas-- é injustificada sob qualquer ótica", disse a nota.

Segundo a família, o ex-senador sempre colaborou com a Polícia Federal e nunca se opôs a prestar esclarecimentos ou informações.

Em nota, também divulgada ontem, a Arquidiocese de Brasília informou que aguarda mais informações sobre o "fato veiculado" pela imprensa "a respeito da doação a uma paróquia de Brasília".

"Comunicamos que as doações dos fiéis para a sustentação econômica da Igreja são acolhidas de acordo com as normas estabelecidas pela legislação civil e eclesiástica, rejeitando qualquer procedimento que não esteja de acordo com a lei e defendendo a sua rigorosa apuração".