Conteúdo publicado há 5 meses

Homem que matou jovem que xingou filha dele continua atuando como policial

O policial penal Willian Lopes dos Santos, 42, suspeito de matar David Alexandre Moreira por ele ter chamado a mulher e a filha do servidor de "barangas", continua trabalhando na Penitenciária Nelson Hungria, em Minas Gerais.

O que aconteceu

Na terça-feira (2), o policial penal se apresentou à polícia. Ele foi ouvido na presença de um advogado e liberado em seguida. O crime ocorreu na última sexta-feira (28), no bairro Copacabana, em Belo Horizonte.

Ele continua trabalhando como policial penal. William atualmente está lotado na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem. A informação foi confirmada pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública.

Corregedoria abriu um procedimento administrativo para apurar a conduta do servidor. De acordo com o governo estadual, o processo encontra-se na fase de investigação preliminar. O prazo para conclusão é de 30 dias, prorrogáveis por mais 30.

"Destacamos que a Sejusp não compactua com quaisquer desvios de conduta dos seus profissionais. Todas as situações são acompanhadas com rigor e as medidas administrativas cabíveis no âmbito do processo legal são tomadas, guardando sempre o direito à ampla defesa e ao contraditório", diz nota enviada pela Sejusp.

Governo diz que as providências administrativas ocorrem ao final dos trabalhos da Corregedoria. Apuração vai indicar medidas a serem tomadas no âmbito administrativo, enquanto servidor público. Dessa forma, o servidor permanece na função para a qual prestou concurso público.

William Lopes dos Santos é policial penal efetivo desde junho de 2017. Entre dezembro de 2013 e dezembro de 2016 foi agente de segurança penitenciário contratado.

O UOL tentou contato com William por um número que não atende e nem recebe mensagens. Os advogados dele não foram encontrados até o momento. Este texto será atualizado se houver posicionamento do suspeito sobre o assunto. O espaço segue aberto.

Áudios mostram ameaça a jovem que chamou menina de 'baranga'

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Áudios enviados a David Alexandre Moreira mostram uma mulher pedindo para ele parar de incomodar a filha dela e o ameaçando.

Mensagens teriam sido enviadas pela esposa do policial penal Willian Lopes dos Santos. Os áudios e prints ao qual o UOL teve acesso mostram que a mulher teria pegado o celular da filha para responder a ofensas cometidas por David. Esta é a versão sustentada pela família da vítima.

"Você vai ver a janta que eu vou fazer. Me aguarde", disse a mulher. O áudio foi enviado após o jovem chamar a filha dela de "baranga" e zombar da mulher, dizendo: "vai fazer janta".

"Para de insultar minha filha". Antes da mensagem de tom ameaçador, a mulher enviou outros dois áudios pedindo que David parasse de incomodar a filha dela, o que foi respondido com ironia pelo jovem. "Baranga, nunca gostei de você, garota", disse.

Briga por mensagem. À polícia, parentes de David afirmaram que ele trocou mensagens com a garota, de 17 anos, após uma briga com a namorada. O intuito seria "fazer ciúmes".

A minha filha não é chacota para você entrar no 'zap' dela e ficar esculachando ela de nome não. Ela nunca teve nada com você, você é namorado da amiga dela, você resolve a sua vida com a sua namorada e para de insultar minha filha que eu não estou gostando disso.
Mensagem recebida por David antes de ser morto

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Relembre o caso

Segundo a polícia, David Alexandre Castorino Moreira foi morto por conta de mensagens postadas em uma rede social. O crime ocorreu na última sexta-feira (28), no bairro Copacabana, em Belo Horizonte.

Jovem foi assassinado em seu local de trabalho e câmeras de segurança gravaram momento em que David é baleado. Nas imagens, é possível ver que o policial penal confronta o jovem.

Ele levou coronhadas e reagiu às agressões antes de ser baleado. William fugiu do local após atirar em David, mostram as gravações.

Destruiu minha família e a dele, diz pai de jovem morto

Câmera de segurança gravou momento em que David Alexandre Castorino Moreira foi executado
Câmera de segurança gravou momento em que David Alexandre Castorino Moreira foi executado Imagem: Arquivo familiar

"Se fosse ao contrário, já estaria preso". Em entrevista ao UOL, Glayson Moreira, 47, pai de David, diz não entender a demora para a prisão do suspeito.

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"Famílias destruídas por crime bárbaro". Glayson, que viu os vídeos do filho sendo baleado e as mensagens que ele teria trocado com a família do policial, afirmou que espera que ele pague pelo crime cometido.

O homem também questionou qual o treinamento recebido pelo policial penal. O pai de David afirmou que a atitude do suspeito manchou a imagem da instituição, que, para ele, "tem 99% de bons policiais". "Não quero generalizar, mas fica a pergunta: Como está a saúde mental dos agentes?".

A Polícia Militar chegou a ir até casa do policial após o crime, mas esposa informou que ele não se entregaria. A informação consta no registro de ocorrência da PM ao qual o UOL teve acesso nesta terça-feira (2).

Sei que não vai trazer o meu filho de volta, mas ele tem que pagar pelo crime bárbaro que ele fez comigo, com a nossa família. Ele destruiu a minha família, mas a família dele também ficou destruída.
Glayson Moreira da Silva, pai de David, ao UOL

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