Servidores da Cedae protestam contra privatização da companhia
Centenas de manifestantes denunciaram os possíveis impactos da privatizaçãoEm greve, centenas de manifestantes denunciaram os possíveis impactos da privatização, como aumento da tarifa, falta de água e o fim do chamado subsídio cruzado. Com o subsídio, a Cedae aplica a receita com serviços em municípios mais ricos na ampliação da rede de água e esgoto naquelas cidades com menos condições de pagar. A companhia atende a cerca de 12 milhões de pessoas em 64 municípios e tem 5.940 funcionários. Para tentar reverter a decisão do governo do estado, que privatizará a companhia como uma das condições para receber um empréstimo de R$ 3,5 bilhões do governo federal, os servidores da Cedae esperam contar com ajuda do município do Rio. A capital é responsável por 87% do faturamento da companhia. Hoje, os manifestantes caminharam entre a Cedae e a sede da prefeitura. O prefeito Marcelo Crivella, em entrevistas, tem sinalizado a intenção de criar uma companhia de águas municipal. Na campanha contra a privatização, os servidores alertaram para o fracasso da medida em outras cidades pelo mundo e, inclusive, no estado do Rio, onde municípios tiveram de devolver o saneamento básico à Cedae, como Barra do Piraí, Valença e Macaé. Na avaliação de Flávio Guedes, que é funcionário da Cedae há 36 anos e foi diretor da companhia entre 1999 e 2002, a devolução ocorre porque o serviço é caro e as empresas privadas não tem o compromisso de investir. "O lucro que a empresa pública persegue é social, é a saúde, é a vida e o lucro que as empresas privadas produzem é o lucro financeiro, só que saneamento é incompatível com o lucro financeiro", disse Guedes. Ele acrescentou que o mesmo movimento de reestatização ocorreu em Atlanta e Los Angeles, nos Estados Unidos, e em cidades europeias na França e na Espanha. Plebiscito Os funcionários da Cedae defendem um plebiscito que consulte a população fluminense sobre a venda da empresa Os funcionários da Cedae também defendem um plebiscito que consulte a população fluminense sobre a venda da empresa, como proposto por 29 deputados que protocolaram o pedido na Alerj. Para passar o plebiscito precisa ser aprovado pela maioria dos 70 parlamenteares. Na votação que autorizou a venda da Cedae, o governo teve 41 votos a favor. "O governo tem dito que vai usar os R$ 3,5 bilhões para pagar a folha salarial do funcionalismo. Só que a folha é de R$ 2 bilhões, ou seja, vai pagar um mês e meio, e depois? Não vai resolver o problema e ainda vai deixar mal a população", critica o diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Saneamento Básico e Meio Ambiente do Rio de Janeiro, João Xavier. Além dos impactos no atendimento à população, os funcionários também temem demissões. Como são contratados por concurso em regime de carteira assinada (CLT), os funcionários podem ser dispensados, caso a empresa que compre a Cedae decida enxugar os serviços e quadros. "Estamos entristecidos, pegos de surpresa", disse Maria Fernandes Guimarães, há 26 anos na Cedae. A Cedae é uma empresa de caráter misto sendo o governo do Rio o acionista majoritário (99%). Em 2015 o lucro líquido foi R$ 249 milhões e custo médio do metro cúbico de água, de R$ 0,80.
Um grupo de servidores da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) protestaram hoje (23) contra a privatização da companhia, em frente a sede, no centro da cidade do Rio. No início da semana, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou a venda de ações da Cedae, que na prática, permite a venda da companhia à iniciativa privada.
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