Rodovida: mortes nas estradas entre o fim do ano e o carnaval chegaram a 973
Objetivo da Operação Rodovida é o enfrentamento à violência no trânsito, a prevenção e diminuição do número de acidentes - Renato Araújo/Arquivo Agência Brasil Durante o período de festas de fim de ano, das férias escolares e do carnaval, 973 pessoas morreram nas rodovias federais do país. O número faz parte do balanço da Operação Rodovida 2016/2017, divulgado hoje (28) pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). Os acidentes graves causaram um média de 16 mortes por dia, com redução de 16% em relação à operação de 2015/2016, quando 1.259 pessoas morreram, uma média de 19 por dia. Apesar da redução, o superintendente da PRF no Ceará e coordenador nacional da Operação Rodovida, Stênio Pires, disse que ainda é registrado alto índice de acidente graves e mortes nas estradas federais. A principal causa, segundo ele, é a colisão fontal. "Isso em consequência das ultrapassagens malsucedidas, por serem realizadas em local proibido ou por má avaliação do condutor", afirmou. Ele lembrou que, em Goiás, foi registrado no período um acidente com nove mortes. Soma-se a esses fatores, segundo Pires, o excesso de velocidade. "Registramos o absurdo de um cidadão transitando a mais de 200 quilômetro por hora. Um cidadão desse, ao encontrar qualquer situação atípica, não vai conseguir parar o veículo e, muito provavelmente, vai se envolver em um acidente com morte. Ele está transformando o veículo em uma verdadeira arma e as nossas rodovias em verdadeiros autódromos", disse. O objetivo da Operação Rodovida é o enfrentamento à violência no trânsito e a prevenção e diminuição do número de acidentes durante o período de movimento intenso nas estradas. A ação é coordenada pela PRF, integrada com órgão federais e ministérios, em articulação com estados e municípios. Número de acidentes Como a cada ano as operações ocorrem em períodos diferentes, em razão do feriado flutuante do carnaval, os dados de acidentes e vítimas são calculados pela média diária. De 16 de dezembro de 2016 a 5 de março de 2017, a PRF registrou 2.663 acidentes graves, aqueles que resultam em feridos graves ou mortos, contra 3.946 contabilizados em 2015/2016. Houve uma redução de 29% na média diária, de 61 acidentes por dia em 2015/2016, para 43 acidentes por dia em 2016/2017. Entre as vítimas feridas, estão 15.702 pessoas, média de 253 por dia. Houve redução de 9% em relação a 2015/2016, quando foram registrados 17.997 feridos, média de 277 por dia. Os órgãos dão prioridade às ações em locais e pontos críticos, com maior incidência de acidentes nas rodovias federais, que são os trechos urbanos, onde há grande fluxo de veículos de vários tipos e dimensões, além de muitas travessias de pedestres. Durante o período, são intensificadas as campanhas educativas e a fiscalização de embriaguez ao volante, excesso de velocidade, ultrapassagens irregulares, motocicletas e transporte de crianças. Segundo Pires, as motos já respondem por mais de 22% da frota nacional de veículos e, quando envolvidas em acidentes, na maioria dos casos deixam mortos. Mais de 1,5 milhão de pessoas foram fiscalizadas durante os três meses da operação. As fiscalizações resultaram em mais de 588 mil autuações - 8.551 por alcoolemia, 4.783 por falta do uso da cadeirinha e 66.774 por ultrapassagens irregulares. O excesso de velocidade foi o campeão de autuações no período, com 521.887 flagrantes. Além do patrulhamento ostensivo durante a Operação Rodovida, a PRF promoveu mais de 390 mil ações educativas, buscando conscientizar motoristas e passageiros para um trânsito mais seguro. Segundo o órgão, durante as fiscalizações foi desenvolvido o projeto Cinema Rodoviário que, em alguns postos, convidou os condutores a assistir a um vídeo sobre comportamentos inadequados e as consequências dessas condutas. Redução de mortes Levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e da PRF mostra que o custo social de acidentes, apenas nas rodovias federais, chegou a R$ 12,8 bilhões em 2014. O custo médio por um acidente com vítima é de R$ 90 mil, enquanto com morte chega a R$ 647 mil. Mesmo sem vítima, o custo é de R$ 23 mil. Segundo a PRF, a análise dos custos sociais mostra a importância das ações para a redução dos índice de letalidade no trânsito. "O trânsito é um organismo vivo e para que funcione bem vários aspectos têm que estar trabalhando bem, como a engenharia, a condução, a segurança dos veículos, a fiscalização. Todos esses aspectos estão sendo trabalhados, modificamos a legislação, os veículos brasileiros já são mais seguros do que há 10 anos e a engenharia de trânsito tem contribuído", disse o coordenador da Rodovida. Para ele, um dos aspectos que ainda precisa de atenção é a municipalização do trânsito. "Dos 5.570 municípios, pouco menos de 1,5 mil têm seu órgão de fiscalização de trânsito. E isso tem contribuído para que não consigamos reduzir as mortes da forma que desejamos". Iniciada em 2011, a Operação Rodovida já contribuiu para a redução de acidentes graves e mortos no trânsito. Pires explicou que, de 2008 a 2010, o Brasil registrava crescimento dos acidentes graves, entre dezembro e janeiro, com um índice de 59,4 acidentes para cada 1 milhão de veículos registrados em 2008/2009 e 62,9 acidentes para cada 1 milhão de veículos em 2010/2011. A partir de 2011, esses índices começaram a cair, até chegar em 28,4 acidentes graves por cada milhão de veículos em 2016/2017. Consequentemente, o número de mortos e feridos caiu. O objetivo da PRF é alcançar a meta da Organização das Nações Unidas, que proclamou o período de 2011 a 2020 como a Década Mundial de Ação pela Segurança no Trânsito, para a redução de 50% do número de mortes.
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