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Parente diz que Petrobras pode fazer parceria nas próximas rodadas do pré-sal

Nielmar de Oliveira - Repórter da Agência Brasil

24/10/2017 17h23

O presidente da Petrobras, Pedro Parente, admitiu hoje (24) que a participação da empresa nas  2ª e 3ª rodadas de licitação do pré-sal poderá se dar em parceria com outras empresas petrolíferas e que poderá não ficar restrita às áreas em que a empresa já exerceu o direito de preferência. O executivo foi ao Rio de Janeiro participar da cerimônia de abertura da Offshore Technology Conference (OTC 2017), que acontece até a próxima quinta-feira (26), no Riocentro. "A parceria é a maneira usual de se trabalhar nesta indústria e nós vamos de parceria. Temos que ser seletivos, dado o conjunto de boas áreas ofertadas, mas faremos lances somente nas áreas que terão potencialidade maior. Podemos disputar outras áreas além das três que já estamos com um bom direito assegurado. Claramente, dentro da nossa visão do potencial de todas as áreas, [a participação da empresa] será exclusivamente uma matéria de decisão econômica", disse. Sobre as três áreas em que a empresa já manifestou preferência (Sapinhoá, Peroba e Alto de Cabo Frio), Parente admitiu que a Petrobras, caso não venha vencer a disputa, poderá exercer o direito de se associar às empresas vencedoras e vir a atuar como operadora. Os leilões das 2ª e 3ª rodadas estão marcados para a próxima sexta-feira. "Se não formos os vencedores e o lance for justificado do ponto de vista econômico, nós vamos nos associar a esse grupo. Nós temos o direito de nos associarmos ao consórcio vencedor, o que apresentar uma proposta maior. A Petrobras tem a preferência e, portanto, pode ser a operadora". O evento deste ano acontece paralelamente à Rio Pipeline, encontro especializado em dutos. Venda de ações da BR O presidente da Petrobras afirmou que a empresa manterá a meta de desinvestimento constante do plano de negócios da estatal e que prevê a venda de ativos no montante de US$ 21 bilhões até o final do próximo ano, e que a intenção é vender parte das ações da Petrobras Distribuidora [a BR] "o mais rapidamente possível". "Nós claramente mantivemos a nossa meta de desinvestimento, conforme anunciado, de US$ 21 bilhões até o final do ano que vem, mas ainda não podemos definir uma data porque é uma decisão que cabe ao conselho de administração da empresa., que vai levar em conta as condições de mercado. Mas desejamos fazer [a venda] o mais cedo possível. Já anunciamos algumas etapas importantes e estamos trabalhando forte para fazer logo que possível". Sobre as liminares na Justiça contra o plano de desinvestimento, Parente considerou normal, uma vez que é preciso respeitar "o regime legal brasileiro". "Essas liminares na Justiça, que são naturais em um processo de desinvestimento no Brasil, são normais - todos sofrem este tipo de processo. Mas o que a gente verifica é que, respeitando o regime legal brasileiro, a gente vem conseguindo reverter a maior parte delas. Isso significa apenas um atraso no processo, mas não a impossibilidade de fazer esse desinvestimento". Preço do combustível Pedro Parente também falou sobre a atual política de preços que vem sendo adotada pela companhia e que vem provocando oscilações nos preços da gasolina e do diesel nos postos de todo o país. Sobre o assunto ele foi enfático: "A Petrobras não faz preço de combustíveis. São commodities com um grande número de compradores e de vendedores. Então a ideia de que a Petrobras faz preço não condiz com a realidade. Ninguém é capaz disso". Para Parente, a empresa simplesmente reage às oscilações do preço dos derivados no mercado internacional e também às alterações no regime tributário brasileiro. "Nós tivemos dois fenômenos importantes: um foi a elevação dos impostos [da parcela de PIS/Confins sobre os combustíveis, promovida pelo governo], e que respondeu por uma parcela grande dos aumentos verificados nos últimos meses", disse. Ressaltou também problemas climáticos como os furacões na parte norte-americana do Golfo do México. "Houve essa questão aí dos efeitos climáticos na área de Houston [no estado do Texas, Estados Unidos]: os furacões, que provocaram em um primeiro momento um aumento dos combustíveis [gasolina e diesel] e, em um momento seguinte, um aumento no próprio preço do petróleo". Para o presidente da Petrobras, no entanto, a situação tende a se normalizar, com o preço do petróleo brent se estabilizando em um nível aí entre os US$ 56 e US$ 57: "Mas é muito difícil fazer previsões sobre o assunto", ressaltou. Retomada do setor Na avaliação do presidente da Petrobras, Pedro Parentes, as decisões governamentais que levaram à mudanças regulatórias, aliadas a um momento em que o mundo vive melhorias no cenário econômico, permitirão que o país vivencie a retomada do setor de petróleo e gás natural no país. Parente ressaltou também como fatores que contribuirão para esta retomada da indústria petrolífera os esforços feitos por parte de operadoras e fornecedores do setor. "As mudanças promovidas no último ano têm sido notadas mundo afora. Tenho viajado e me encontrado com investidores e parceiros no exterior, que sempre comentam suas impressões de que o setor de óleo e gás no Brasil deu uma guinada e o ambiente de negócios do país está mais atraente para empresas de diferentes portes", destacou Parente. Ele considera a decisão do governo de flexibilizar a operação na área do pré-sal, a revisão da política de conteúdo local e a maior previsibilidade dada às novas rodadas de licitação, além da extensão do Regime Especial de Tributação da Cadeia do Petróleo (Repetro) como fundamentais para esse processo de retomada da indústria petrolífera, aliada a fatores conjunturais da economia, como a baixa inflação e a queda das taxas de juros.