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Ativistas pedem política de energia renovável e fim dos leilões do pré-sal

Akemi Nitahara - Repórter da Agência Brasil

26/10/2017 14h35

Um mapa do Brasil inflável com 10 metros de altura, representando a quantidade de carbono que será emitido com a exploração de blocos do pré-sal previstos para irem a leilão amanhã (27), foi içado hoje (26) em frente à sede da Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANP), na Avenida Presidente Vargas, no centro do Rio de Janeiro. O protesto foi organizado pela 350.org, entidade ambientalista global que pede que o número de partículas por milhão (ppm) de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera volte ao padrão de 1990, ou seja, 350, considerado o limite de poluição para evitar o aquecimento global. Atualmente, o número está em 406 ppm. As emissões de dióxido de carbono agravam o efeito estufa. A segunda e a terceira rodadas de leilões do pré-sal ocorrem amanhã, na Barra da Tijuca, e vão oferecer blocos de exploração de óleo e gás em águas profundas em oito áreas das bacias de Santos e Campos. Os ativistas calculam que apenas as emissões dos blocos Peroba e Pau-Brasil chegarão a 5,4 bilhões de toneladas de CO2 equivalente. Segundo a diretora da 350.org no Brasil e América Latina, Nicole Oliveira, o Brasil precisa parar de investir em combustíveis fósseis e ampliar a matriz de energia sustentável, para manter o clima seguro. "Leilões para novos blocos do pré-sal ou de petróleo ou de gás não podem ser aceitos. A gente quer mostrar a quantidade de carbono que está no chão hoje nesses blocos e que vai para a atmosfera se forem explorados". Povos indígenas Indígenas do Rio de Janeiro e do Paraná também participaram do ato. Integrante da Associação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Kretã Kaingang disse que há uma campanha nacional entre os indígenas contra o uso de combustíveis fósseis. "Nós viemos [do Paraná] participar do ato porque estamos numa campanha nacional com os povos indígenas contra todo e qualquer combustível que mexa com o meio ambiente, principalmente o que está embaixo dos aquíferos e embaixo do mar. Nós entendemos que no Brasil, assim como no mundo, pra poder fazer esse tipo de extração, aconteceram muitos crimes ambientais e vazamentos. No Brasil não vai ser diferente, porque a gente saber que aqui as leis protegem mais aquele que está acabando com o meio ambiente do que as pessoas que protegem o meio ambiente". Segundo Kaingang, o litoral brasileiro do Rio Grande do Sul ao Espírito Santo é habitado pelo povo Guarani, que pode ser afetado pela exploração do petróleo no mar. "Tem os pescadores e caiçaras que são comunidades tradicionais, e em caso de vazamentos eles serão os primeiros afetados. Parece que o índio só está na Amazônia, e não existe pra fora da Amazônia. Nós existimos sim. Hoje a maior população indígena no Brasil são os guarani, que estão em toda essa parte litorânea do Rio Grande do Sul ao Espírito Santo. Então, sim, para nós [o mar] é território sagrado". Durante o protesto, foram expostos cartazes com fotos de problemas ambientais que podem ser agravados pelas emissões de gases do efeito estufa da exploração do petróleo, como as mudanças climáticas e a ameaça a espécies marinhas em risco de extinção, como as baleias jubarte e cachalote e o boto-cinza, símbolo do estado do Rio de Janeiro.