Centenas de estudantes de mais de 40 escolas da favela da Maré, familiares e amigos do adolescente Marcus Vinicius da Silva, de 14 anos, morto na semana passada em operação policial na comunidade, fizeram hoje (27) uma manifestação em sua em homenagem e pela paz. O ato ocorreu em frente ao Ciep Operário Vicente Mariano, onde Marcus Vinicius estudava. Os manifestantes portavam cartazes e camisas com frases como "a Maré precisa de paz" ou "vamos fazer do luto a nossa luta" e fizeram um minuto de silêncio pela morte do estudante, dando um abraço na escola.
Abaixo-assinado
Durante o ato, foi distribuído um abaixo-assinado exigindo o cumprimento da instrução normativa da Secretaria de Segurança (Seseg), elaborada em conjunto com a Secretaria Municipal de Educação, que estabelece que o funcionamento das operações policiais em áreas sensíveis deve ser regidos por "critérios pré-determinados". O protocolo foi lançado após a morte da menina Maria Eduarda, de 13 anos, dentro de uma escola em Acari, na zona norte do Rio. Uma das determinações é que operações policiais de qualquer natureza, feitas em áreas sensíveis, próximas a unidades de ensino, creches, postos de saúde e hospitais, em funcionamento, devem evitar que os estudantes se tornem alvos de infratores armados. Também devem evitar os horários de maior fluxo de entradas e saídas de pessoas, principalmente de estabelecimentos de ensino. A manifestação de hoje contou com a presença do secretário municipal de Educação, Cesar Benjamim, e da Coordenadora da 4ª Coordenadoria Regional de Educação (4ª CRE), a professora Fátima Barros. Mencionando o sonho educacional do antropólogo e educador Darcy Ribeiro, autor do projeto dos Cieps, o secretáriodestacou que a comunidade escolar está unida e fortalecida em sua luta pela paz e pela não violência. "Estamos unidos e a família do Marcus Vinícius não está sozinha. Prosseguiremos em defesa da educação e da vida. Podemos mudar o Rio de Janeiro. Prosseguiremos na luta pela paz. A educação vencerá", afirmou o secretário.
Morte
Na manhã da última quarta-feira (20), o adolescente Marcus Vinicius da Silva acordou às 8h, atrasado, e saiu apressado de casa, por um caminho que não durava mais que 20 minutos. Ele morreu à noite, no Hospital Estadual Getúlio Vargas, depois de ter sido baleado durante uma operação da Polícia Civil no Complexo da Maré. Segundo a corporação, a ação buscava cumprir 23 mandados de prisão e prender os suspeitos de terem participado da morte do chefe de operações da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod). Houve tiroteio, e outras seis pessoas morreram.
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