Brasileira relata desespero durante fuga de incêndio na Grécia
25/07/2018 12h51
A brasileira Tuca Oliveira, 35 anos, que mora há quase três anos em Rafina, região de Atenas afetada pelo incêndio que já causou a morte de 79 pessoas, disse que viveu momentos de desespero ao tentar fugir das chamas. Ela e o marido que é grego acompanhavam o movimento de helicópteros que buscavam água no mar para tentar apagar o fogo na floresta, comum neste período do ano. "Foi muito desesperador entender e ver que as pessoas não estavam tendo dimensão do que estava acontecendo, que estavam muito perdidas, e que muita gente não ia conseguir se salvar. A gente passou na casa de uma cunhada que, a princípio, se recusou a seguir conosco, mas meu marido não deu opção a ela", disse. De acordo com Tuca, era o dia mais quente do ano e o vento estava muito forte (120km/h). "Estávamos tranquilos porque jamais pensamos que chegaria até a gente. Mas começamos a nos preocupar quando os helicópteros se perderam na fumaça que se alastrava muito rápido, escondendo tudo", contou a editora de vídeo em entrevista à Agência Brasil. Segundo ela, foram vinte minutos entre o início da conversa e o tempo para que as labaredas chegassem até a sua rua. Como conseguiam ver o mar e a floresta do apartamento, o casal percebeu que corria o risco de ficar preso em um engarrafamento, caso seguissem na direção em que a maioria da população tentava escapar. Contrariando o que parecia mais seguro, eles decidiram seguir para a floresta, local mais afetado. Eles apostaram em continuar o caminho seguindo a direção contrária do vento. Tuca contou que muitas pessoas ficaram em suas casas sem acreditar nas proporções do desastre. Enquanto Rafina tem edifícios em concreto em meio ao verde, o povoado ao lado, Mati, ficou completamente destruído, já que prevaleciam casas no local e, muitas, de madeira. A cidade de Mati, a mais atingida pelo fogo e onde ocorreram todas as mortes, permanecerá sem água por 15 dias e sem eletricidade por um mês. Centenas de pessoas fugiram em direção ao mar para tentar se salvar. Entretanto, segundo a brasileira, para chegar até a praia as pessoas precisam caminhar pela floresta e conhecer bem o local. "As pessoas ficaram perdidas pelo nervosismo ou pela fumaça, não enxergavam e chegavam ao precipício. É preciso saber como descer por ali até o mar", disse. "Encontraram 26 pessoas que morreram, todos abraçados, esperando o fogo na beira de um precipício desses. Era pular ou esperar para morrer queimado", lamentou. Esse grupo seguia moradores que conheciam o caminho, mas se perderam no trajeto em meio à fumaça.
A brasileira Tuca Oliveira relata o desespero ao fugir de incêndio na Grécia - Arquivo pessoal/Direitos Reservados