Pandemia de covid-19 diminui quantidade de transplantes no Brasil
Com 45.636 pessoas na lista de espera por transplantes de órgãos no país, a pandemia do novo coronavírus já tem reflexos para quem precisa receber um órgão saudável. Desde que a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou pandemia de covid-19, em março deste ano, os transplantes de rim, que representam 66.89% da lista, foram os que registraram maior queda. Este ano foram 477 - 33 a menos que no mesmo período do ano passado. Para transplantes de coração, o número de procedimentos realizados no mês de março caiu para 25 - em 2019 haviam sido 37. Veja as tabelas comparativas abaixo:
Transplantes em 2019
órgão | janeiro/19 | fevereiro/19 | março/19 |
---|---|---|---|
Rim | 475 | 481 | 510 |
Fígado | 171 | 182 | 166 |
Coração | 31 | 37 | 37 |
Pulmão | 10 | 7 | 11 |
Pâncreas e rins | 10 | 14 | 3 |
Pâncreas | 1 | 4 | 7 |
TOTAL | 698 | 725 | 734 |
Transplantes em 2020
órgão | janeiro/20 | fevereiro/20 | março/20 |
---|---|---|---|
Rim | 588 | 490 | 477 |
Fígado | 232 | 194 | 182 |
Coração | 29 | 39 | 25 |
Pulmão | 9 | 14 | 6 |
Pâncreas e rins | 13 | 12 | 5 |
Pâncreas | 5 | 5 | 2 |
TOTAL | 876 | 754 | 697 |
Fontes dos Dados: Sistema Informatizado do Ministério da Saúde - SNT|CTXES-SP
Segundo o Ministério da Saúde (MS), vários critérios estão sendo levados em consideração para adiar cirurgias desse tipo. Um deles é a condição dos pacientes. Os mais estáveis, que toleram aguardar a melhora da situação de pandemia, estão com cirurgias postergadas. Também tem contribuído para a diminuição de transplantes o medo dos pacientes de passar por procedimento cirúrgico neste período.
Outro fator importante é a cautela das equipes na avaliação de risco e benefício para cada paciente. Há, principalmente, risco de contaminação do paciente e dos médicos e colaboradores, o que pode levar a um desfecho desfavorável do procedimento cirúrgico pela possibilidade de internação prolongada.
"Deve ser observado que o sistema imunológico do paciente é bloqueado pelas medicações necessárias no transplante, impedindo que o corpo combata ativamente e eficazmente uma possível infeção. Outra condição desfavorável é a necessidade de visitas frequentes à unidade hospitalar após a realização do transplante", esclarece nota do Ministério da Saúde.
Doadores infectados
No mês passado, Ministério da Saúde e Anvisa emitiram nota técnica https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2020-04/covid-19-anvisa-atualiza-procedimentos-de-doacoes-e-transplantes direcionada aos estados e municípios em que consta a recomendação de não realizar transplantes de órgãos retirados de pessoas que morreram em decorrência de covid-19.
No caso de transplantes de órgão sólidos (fígado, rim, pâncreas, coração, pulmão, intestino), a nota traz recomendações de segurança para o procedimento. O protocolo cita cuidados que vão desde a triagem de doadores e receptores, uso do Equipamento de Proteção Individual (EPI), ao acompanhamento do paciente transplantado e, principalmente, a medicação imunossupressora a ser usada.
"As pessoas que contraíram a doença e tenham necessidade de um transplante deverão entrar na lista após avaliação médica. É importante lembrar que para ser elegível a uma doação, o paciente deve preencher uma série de requisitos (marcadores de saúde positivos) para ser colocado na lista de espera por um transplante. O processo de transplante segue protocolos rígidos e todas as pessoas que são candidatas a uma doação deverão atender aos mesmos", afirma nota do MS.
O documento contraindica captação de órgãos em doadores diagnosticados com Covid-19 ou doadores diagnosticados com síndrome respiratória aguda grave (Sars).
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