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Crianças sairão de hotéis na Cracolândia, diz Haddad

Em São Paulo

05/09/2014 14h03

O prefeito Fernando Haddad (PT) informou nesta sexta-feira (5) que as crianças que foram localizadas no interior de hotéis na região da Cracolândia, no centro de São Paulo, serão retiradas do local. A prefeitura realocará as crianças e seus pais para outra área em que não haja contato ou proximidade com o consumo de drogas.

"Falei com a Luciana Temer (secretária municipal de Assistência Social) para que as mães com os filhos sejam realocadas para um local um pouco mais distante e segregado dos homens adultos, para que não haja esse tipo de problema", disse Haddad.

O jornal "O Estado de S.Paulo" mostrou em sua edição impressa desta sexta-feira que dezenas de crianças estão vivendo "sitiadas" nos quartos dos hotéis alugados pela Prefeitura para abrigar dependentes químicos da Cracolândia. A reportagem mostrou que elas passam o dia trancadas em seus quartos, isoladas pelo consumo de crack dos vizinhos.

Haddad acrescentou que enfrenta dificuldades em razão do fim do contrato emergencial firmado com uma ONG para administrar o programa. "Nós estamos em uma difícil transição de uma ONG, que foi contratada no começo do ano em caráter de emergência, para uma que está sendo contratada por licitação. E essa transição está nos criando problemas", disse.

No total, 31 crianças vivem nos locais, segundo a Prefeitura, e 45, conforme o proprietário dos hotéis, Manoel Souza. Segundo os moradores, todas as crianças têm vagas em creches e escolas da região. O problema é a falta de condições de higiene nos hotéis onde elas estão vivendo.

Nesta quinta-feira (4), um dos hotéis, na Alameda Barão de Piracicaba, estava com corredores escuros e com sacos de lixo acumulados em um canto e um cano de água estourado, vazando pelo corredor. Moradores também relataram a presença de ratos e insetos.

Além disso, o prefeito informou que há relatos de casos de furtos no interior dos hotéis. Para combatê-los, a Prefeitura cogita acionar a Guarda Civil Metropolitana. "Estamos discutindo a possibilidade de botar a Guarda civil Metropolitana mais intensivamente, não apenas na região, mas nas portas dos hotéis para impedir a entrada de pessoas estranhas aos programas, que são as que causam o problema", disse.

Avaliação

Questionado sobre a avaliação que faz após sete meses do programa, Haddad disse enxergar uma grande evolução. "Sempre haverá espaço para melhorar. Mas, se nós compararmos o que está sendo feito neste ano com o que foi feito nos anos anteriores, a mudança é da água para o vinho", disse.

O prefeito informou que o método adotado continuará em vigência. "Nós vamos insistir na política de atendimento humanitário às pessoas", declarou. "E, se houve problemas com a ONG, é por isso que houve um chamamento público para a sua substituição."