Adolescente suspeito de matar médico é internado provisoriamente
Do Rio de Janeiro
25/05/2015 21h41
A Vara da Infância e Juventude do Rio de Janeiro decidiu, na noite desta segunda-feira (25), manter internado provisoriamente o adolescente de 16 anos suspeito de participar da morte do médico Jaime Gold.
A decisão da juíza Cristina de Araújo Goes foi baseada na representação impetrada pelo Ministério Público, que solicitou a internação do adolescente, suspeito de haver cometido ato infracional análogo ao crime de latrocínio.
O adolescente, que foi apreendido na última quinta-feira (21), vai ficar sob os cuidados do Degase (Departamento Geral de Ações Socioeducativas).
Na próxima quarta-feira (27), o adolescente será ouvido pela Justiça, em audiência marcada para as 13 horas no Fórum Regional da Leopoldina.
O inquérito encaminhado ontem ao MP se baseia no reconhecimento feito por uma testemunha, por fotos. A equipe que investiga o crime diz que, mesmo sem imagens claras, é possível ver que o tipo físico e a cor da pele da pessoa que aparece nos vídeos são iguais ao do suspeito.
De acordo com o presidente da Comissão de Segurança da OAB-RJ (Ordem dos Advogados do Brasil no Rio), Breno Melaragno, o reconhecimento indireto, feito só por imagem, fragiliza as conclusões da investigação.
Segundo ele, o ideal é que tivesse sido feito o reconhecimento direto, quando, em uma sala de testemunhas com vidro fumê, o suspeito é apontado entre outras pessoas com o mesmo tipo físico e roupas parecidas.
"Não é que seja ilegal, mas a polícia não fazendo [o reconhecimento direto], deixa de fornecer elementos para o MP. Uma denúncia baseada no reconhecimento indireto é bem mais frágil."
O advogado Alberto Júnior disse hoje que o adolescente estava na favela de Manguinhos (onde mora, na zona norte) na hora do crime.
A mãe dele, a catadora de material reciclável Jane, acompanhou o interrogatório do filho e deixou a 2ª Vara da Infância e Juventude amparada e chorando.
"Ela nunca abandonou esse filho. Acompanho a luta dela no dia a dia, ela procurou ajuda para mantê-lo na escola", disse Patrícia Evangelista, presidente da ong Mulheres de Atitude.