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Cunha: 'Tem um bando de aloprados no Planalto que vive de criar constrangimentos'

De Brasília

17/07/2015 12h53

Se dizendo "indignado, muito indignado" com o que chamou de "orquestração política" para derrotá-lo, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou haver no Palácio do Planalto "um bando de aloprados" que, segundo ele, "vive de criar constrangimentos".

"O governo faz tudo para me derrotar", afirmou Cunha em quase uma hora de entrevista na manhã desta sexta-feira, 17,. "O governo sempre me viu como uma pedra no sapato. O governo não me queria, nunca me quis e não me quer como presidente da Câmara. O governo não me engole", disse o presidente da Câmara.

Cunha se disse vítima de perseguição do governo em conjunto com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. "A Procuradoria-Geral da República (PGR) escolheu a mim porque mais de um delator me citou", afirmou, reiterando a acusação de que Janot pressionou o lobista Julio Camargo a mudar seu depoimento. Na quinta-feira, 16, Camargo disse que Cunha pediu propina de US$ 5 milhões. A PGR se manifestou em nota na quinta dizendo não ter ingerência sobre os depoimentos à Justiça Federal.

O presidente da Câmara disse lhe causar estranheza o fato de a presidente Dilma Rousseff, o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e o senador Delcídio Amaral (PT-MS) também serem citados por delatores e não serem objeto de inquéritos. "Seletivamente, estão pegando as coisas do senhor Youssef (o doleiro Alberto Youssef) e colocando preferência", disse. "Se fosse dar valor à declaração do Youssef, tinha que ter aberto inquérito contra a presidente Dilma, contra o ministro Mercadante". Segundo Cunha, "falta gente naquela cadeia ainda".

Cunha ainda não foi denunciado pela PGR, mas disse preferir que isso aconteça logo. Para o peemedebista, Janot "está a serviço do governo". Cunha apresentou documentos que, segundo ele, mostram que o governo está atuando no desarquivamento de inquéritos contra ele e promovendo uma "devassa fiscal" em sua vida. "Há aí um ânimo persecutório", afirmou. "É um constrangimento a um chefe de Poder."

"A partir de hoje, me considero com rompimento pessoal com o governo", disse. "Essa lama, eu não vou aceitar estar junto dela", disse Cunha. Ele disse que não conduzirá a presidência da Câmara como palanque, mas admitiu, por exemplo, que autorizará a instalação de CPIs que desgastam o governo, como a do BNDES e a dos fundos de pensão.

Embora negue, Cunha deve promover a convocação de ministros petistas à CPI da Petrobras. Ele negou, porém, estar fazendo uma declaração de guerra ao governo. "Não faço declaração de guerra a ninguém".