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PMDB quer ultrapassar 100 prefeituras em SP em 2016

A senadora Marta Suplicy em evento de filiação ao PMDB, em setembro, ao lado do vice-presidente Michel Temer e do presidente da Câmara, Eduardo Cunha - Jorge Araújo/Folhapress
A senadora Marta Suplicy em evento de filiação ao PMDB, em setembro, ao lado do vice-presidente Michel Temer e do presidente da Câmara, Eduardo Cunha Imagem: Jorge Araújo/Folhapress

De São Paulo

12/11/2015 20h32

Partido que ora esteve com PSDB ora com PT na esfera nacional, o PMDB quer criar uma imagem própria para 2018. E o maior Estado do país pode servir como passo importante nessa estratégia já em 2016. O diretório estadual trabalha com a meta de crescer 20% em número de prefeituras em São Paulo e com uma candidatura própria forte na capital - Marta Suplicy é tida praticamente como certa para a vaga.

O tesoureiro do diretório paulista e chefe do escritório do presidente nacional do partido, o vice-presidente da República Michel Temer, Arlon Viana, acredita que o partido tem motivo para estar otimista e chegar a ter entre 110 e 120 prefeituras - hoje são 90. O presidente estadual, deputado federal Baleia Rossi, mais conservador, diz que ultrapassar a marca de 100 já seria positivo. De toda forma, a expectativa do partido é consolidar o crescimento na segunda eleição municipal após a morte de Orestes Quércia em 2010, que simbolizou o desmantelamento da força que o PMDB teve no Estado. Em 2012, o partido passou de 78 para 90 prefeituras.

Para chegar ao objetivo, a sigla lançará um número maior de candidaturas. Segundo Baleia Rossi, em 2012 foram cerca de 250 cabeças de chapa; em 2016, a ideia é ultrapassar 300. A presença partidária no Estado é outro foco para fortalecer as candidaturas próprias. Hoje o PMDB só não tem diretório ou comissão provisória em 30 dos 645 municípios do Estado e quer sanar esse déficit até março, segundo o secretário-geral da Executiva Estadual, deputado estadual Jorge Caruso. A estrutura ajudaria a reforçar a militância tradicional, vista como estratégica num momento em que os caixas de campanha sofrerão restrições, seja pela lei eleitoral, seja pela Lava Jato.

"Creio que o crescimento seja algo natural em vista do péssimo desempenho do PT", disse Viana. "O PT perdeu a identidade como partido da classe mais necessitada, perdeu sua essência e vai ter uma resposta dura nas eleições aqui em São Paulo." Para Caruso, o PSDB também tem um desgaste no Estado, o que pode favorecer nomes do PMDB no interior. "A crise política no geral está fazendo a população querer participar e olhar para novos nomes", afirma Caruso.

Os dirigentes do partido evitam falar oficialmente que Marta Suplicy será a candidata, por causa da rivalidade com Gabriel Chalita, presidente do PMDB na capital e aliado do prefeito petista Fernando Haddad. Mas, com o afastamento de Chalita dos cabeças do partido, a candidatura da senadora é dada como certa e, se vitoriosa, vista como uma conquista de peso para o PMDB nacionalmente.

"O PMDB está entusiasmado com a candidatura majoritária na capital e sair com dois dígitos seria um belíssimo começo", disse Rossi à reportagem em referência à pesquisa Datafolha que trouxe Marta com 13% de intenções de voto, empatada com Haddad. "A Marta tem um recall dos programas sociais, que são uma marca da gestão dela. Acho que ela tem grandes chances de disputar de igual para igual com qualquer candidato", afirmou, sem descartar a possibilidade de Chalita ser o nome do partido.

"O importante é ter candidatura própria, que também alavanca a candidatura de vereadores e de candidatos na região metropolitana", diz Arlon Viana. Cidades importantes da região metropolitana assistem ao programa eleitoral do PMDB na capital, como Guarulhos, São Bernardo do Campo, Mauá, Osasco e Santo André, destaca Baleia Rossi. Os municípios são conhecidos por serem do "cinturão vermelho" do PT no Estado. Na capital, a expectativa do partido é a candidatura Marta impulsionar a pequena bancada, hoje em quatro vereadores, para seis ou sete cadeiras.

As declarações pró-Marta vêm crescendo na legenda desde que o prefeito Fernando Haddad cortou cargos na gestão municipal de pessoas ligadas a dois vereadores peemedebistas - Nelo Rodolfo e Ricardo Nunes. Um vídeo do fim de outubro, em que Haddad apareceu ironizando a ética do PMDB, também irritou dirigentes.

"Nós não somos aliados do PT em São Paulo. O presidente Chalita é aliado do prefeito e as secretarias são ligadas ao Chalita, não ao PMDB. Como ser partido da base se o Haddad fica ironizando o PMDB na questão de ética", respondeu Caruso. O PMDB tem três secretários na gestão Haddad: o próprio Chalita (Educação), Luciana Temer (Assistência Social) e Marianne Pinotti (Pessoa com Deficiência)

Caruso lembra que, com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de que os mandatos dos prefeitos pertencem aos eleitos e não ao partido e a mudança do prazo limite de filiação para disputar o pleito (de 1 ano para 6 meses), ainda há muita instabilidade até a eleição de 2016. "Vamos ter muita dança das cadeiras até abril, mas também não estamos preocupados em trazer prefeito A ou B nem manter ninguém que não tenha identificação com o partido. Queremos prefeitos que honrem o PMDB."