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Delcídio chora ao saber da revogação de sua prisão

O senador Delcídio Amaral - Pedro Ladeira/Folhapress
O senador Delcídio Amaral Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

De Brasília

19/02/2016 19h00

O senador Delcídio Amaral (PT-MS) chorou muito nesta sexta-feira (19), ao saber que o ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki havia revogado sua prisão. Ex-líder do governo Dilma no Senado, Delcídio ficou detido durante 86 dias, sob acusação de atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

Da rotina frenética de um homem que participou das principais negociações políticas do governo e tinha livre acesso ao gabinete presidencial, Delcídio foi abandonado até mesmo por seu partido, o PT, que deve expulsá-lo em breve. Na prisão, ele leu a "Bíblia" e vários livros, como "A Origem do Estado Islâmico", de Patrick Cockburn, e a autobiografia de Ron Wood, guitarrista da banda de rock Rolling Stones.

Delcídio passou o aniversário dele - de 61 anos, completados no último dia 8 -, o da mulher, Maika, e o de duas filhas, além do Natal e do Ano Novo, recluso na Superintendência da Polícia Federal e no Batalhão de Policiamento de Trânsito.

O advogado Luiz Henrique Machado, um dos defensores do senador, garantiu que ele não fará delação premiada. "Isso está totalmente fora de cogitação. Nem passa pela cabeça dele", disse Machado.

O inferno de Delcídio começou depois que o filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró gravou uma conversa na qual o senador prometia procurar ministros do Supremo para libertar o antigo amigo. Na gravação, Delcídio chegou a sugerir um plano de fuga para Cerveró e uma mesada de R$ 50 mil mensais para a família, o que foi interpretado como uma tentativa de negociar o silêncio do ex-diretor da Petrobras.

Agora, o ex-líder do governo no Senado poderá voltar a exercer o mandato parlamentar, mas responde a processo penal, além de uma ação movida pelos partidos Rede e PPS no Conselho de Ética, com o objetivo de cassar o seu mandato. Isso sem contar o processo disciplinar no PT.

"Ele vai se defender pessoalmente no Conselho de Ética", afirmou o assessor Eduardo Marzagão. "O senador terá de se recolher todos os dias à noite e não poderá sair do País. Terá de entregar o passaporte e comparecer a cada 15 dias à Justiça para prestar termo de justificação das atividades", comentou o advogado Machado.

No início deste mês, a defesa de Delcídio entrou com recurso no Supremo pedindo a revogação da prisão do senador, alegando que, naquelas condições, o julgamento político do Conselho de Ética ficava prejudicado. "(...) Deve-se, no mínimo, impedir que o senador seja julgado perante o Senado Federal de forma constrangedora, completamente estereotipada, com prejuízo inevitável ao direito de defesa e à imparcialidade", afirmaram os advogados na manifestação.