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Temer diz que não assistiu fala de Dilma pois estava 'trabalhando'

29/08/2016 20h01

Brasília - Enquanto a presidente da República afastada, Dilma Rousseff, faz sua defesa do outro lado da rua, no Senado, o presidente em exercício, Michel temer, afirmou que não assistiu à fala de Dilma porque estava "trabalhando". "Sou obediente às instituições e aguardo respeitosamente a decisão do Senado", disse depois de evento no Palácio do Planalto.

Ao lado de dez medalhistas olímpicos, Temer parabenizou cerca de 60 atletas que competiram nos Jogos Olímpicos Rio 2016 e afirmou que foram sete anos de trabalho para que o evento fosse "um sucesso". "Queria deixar um sentimento de gratidão. Vocês (atletas) deram um sentido de união e fraternidade absoluta. O que o Brasil mais quer hoje é união", disse.

Concordando com o ministro do Esporte, Leonardo Picciani, Temer defendeu mais recursos para a Pasta. "Mais recursos para os esportes é mais do que legítimo, para desenvolver cada vez mais", afirmou.

Confusão

Ao falar sobre o processo que está sendo julgado pelo Senado, a segurança do presidente em exercício impediu que os repórteres presentes questionassem Temer. Agressivos, os seguranças agiram com truculência para tentar barrar os repórteres e cinegrafistas que perguntavam ao presidente se ele assistiu à defesa inicial de Dilma.

Com os atletas, Temer estava bem-humorado. Bateu fotos e chegou a vestir uma touca de polo aquático ao lado dos profissionais. Durante o evento, ele disse ainda que foram muitos os jovens com quem ele encontrou e cujo sonho passou a ser participar dos Jogos Olímpicos depois do evento do Rio de Janeiro.

Bruno Schmith, medalhista de ouro no vôlei de praia, falou em nome dos atletas e, depois de agradecer ao governo, fez uma fala especial às Forças Armadas. "Meu carinho especial para as Forças Armadas, que não deixaram os atletas percorrerem esse caminho sozinhos. É uma honra representar meu país em casa", disse emocionado ao lado de outros atletas.

Estavam presentes ainda ao evento o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha; da Defesa, Raul Jungman; e o ministro de Segurança Institucional, Sérgio Etchegoyen. O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, também agradeceu o apoio do presidente em exercício e afirmou que os atletas brasileiros foram "brilhantes". "Queria agradecer essa forma de como, em bloco, todos os ministros trabalharam, e vão poder nos dar a imagem que hoje nós temos. Queria deixar um agradecimento à área de segurança. A todos os ministros e suas equipes. Tivemos o reconhecimento da imprensa internacional", afirmou.

Tranquilidade

Senadores que estiveram com o presidente em exercício Michel Temer (PMDB) afirmam que o peemedebista está "tranquilo" e não se preocupa com os possíveis efeitos do discurso da presidente afastada sobre os votos de senadores em relação ao impeachment.

Segundo dois senadores do PMDB que estiveram com Temer nesta segunda-feira, 29, ele já dá o impeachment como certo. A única preocupação relatada por ele, dizem, é se conseguirá viajar a tempo à China para participar da reunião do G-20 como presidente efetivo. "A única preocupação dele é com o tempo", conta um senador.

Temer relatou aos senadores que, para chegar a tempo à reunião do G-20, precisa decolar de Brasília no máximo às 16 horas de quarta-feira, 31. O avião presidencial terá de fazer pelo menos três paradas para abastecer, o que aumenta o tempo de viagem. Temer já avisou que só viajará se já estiver efetivado no cargo de presidente.

Os senadores que estiveram com o presidente em exercício procuraram tranquilizá-lo. Afirmaram que a votação final do impeachment deve acabar na madrugada de quarta-feira, 31. Dessa forma, Temer poderia tomar posse em uma rápida cerimônia pela manhã e viajar à tarde, antes das 16 horas, para China.