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Mesmo em crise, brasileiros sobem no ranking de solidariedade mundial

Durante o inverno de 2016, voluntários de São Paulo dobram as roupas que foram doadas - Thiago Marzano/Entrega por SP
Durante o inverno de 2016, voluntários de São Paulo dobram as roupas que foram doadas Imagem: Thiago Marzano/Entrega por SP

Em São Paulo

25/10/2016 13h53

O Brasil sobe 37 posições no ranking mundial de solidariedade, alcançando seu melhor resultado desde 2009. A generosidade do brasileiro foi auferida pelo WGI (World Giving Index) da CAF (Charities Aid Foundation). No levantamento, a parcela de pessoas que doaram dinheiro aumentou de 20% para 30% em relação a 2015, enquanto a proporção dos que fizeram trabalho voluntário aumentou de 13% para 18% na mesma comparação. Já 54% dos brasileiros disseram que ajudaram um estranho no mês anterior à pesquisa, um aumento em relação aos 41% do levantamento passado.

A CAF é uma instituição filantrópica internacional, com sede no Reino Unido e com escritórios parceiros no Brasil, EUA, Canadá, Rússia, África do Sul e Índia. No Brasil, o representante brasileiro da CAF é o IDIS (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social). O WGI registra o número de pessoas que ajudaram um estranho no mês anterior ao levantamento, fizeram trabalho voluntário ou doaram dinheiro para uma organização da sociedade civil.

O Brasil cresceu nesses três aspectos que compõem o levantamento. Este ano, 148.000 pessoas em 140 países foram entrevistadas pelo Instituto Gallup, responsável pela mostra. No Brasil, o instituto entrevistou presencialmente 1.004 brasileiros, entre 20 de outubro e 16 de novembro de 2015.

"Esses resultados confirmam o que a Pesquisa Doação Brasil, a primeira pesquisa de alcance nacional sobre o comportamento dos doadores, divulgada em junho deste ano, apontou, ou seja, que o brasileiro é um povo solidário e que sabe responder em um momento de crise", avalia Paula Fabiani, diretora-presidente do IDIS. Ela lembra que as pesquisas foram realizadas antes do sucesso dos jogos Olímpicos e Paraolímpicos. "Esperamos novos aumentos após esses eventos, que reuniram tantos voluntários para ajudar a mostrar o nosso País para o mundo", diz.

No geral, o Brasil é o 68º no WGI, e, apesar do crescimento registrado nessa mostra, ainda está atrás do Chile, Uruguai e Peru. Mianmar foi o país mais generoso do mundo pelo terceiro ano consecutivo, seguido dos Estados Unidos e pela Austrália.

Dos sete países mais industrializados e ricos do mundo, o G7, apenas três aparecem no ranking dos dez melhores: Estados Unidos, Canadá e Reino Unido. Pela primeira vez, desde que o índice começou a ser apurado, em 2009, mais da metade das pessoas nos 140 países disseram que ajudaram um estranho, houve aumento significativo também no trabalho voluntário e no número de pessoas que doou dinheiro.

Doação Brasil

Na Pesquisa Doação Brasil, divulgada em junho deste ano, mesmo com a grave crise que assola o país, 77% dos brasileiros fizeram algum tipo de doação em 2015. Desses, 62% doaram bens, 52% doaram dinheiro e 34% doaram seu tempo para algum trabalho voluntário. Considerando apenas os que doaram dinheiro para organizações sociais, o índice chega a 46%. Em 2015, as doações individuais dos brasileiros totalizaram R$ 13,7 bilhões, valor que corresponde a 0,23% do PIB brasileiro.

Este levantamento,encomendado ao Instituto Gallup e coordenado pelo IDIS, entrevistou duas mil pessoas, com 18 anos ou mais, residentes em áreas urbanas e com renda familiar mensal a partir de um salário mínimo. A maioria dos entrevistados, 36%, realizou uma doação por mês ao longo do ano passado. Essas doações se concentraram na faixa de R$ 20 a R$ 40 mensais, totalizando, portanto, de R$ 240 a R$ 480 ao ano.

A pesquisa apurou que as mulheres doam para organizações com mais frequência que os homens, 49% contra 42%. E o perfil típico do doador brasileiro é mulher com instrução superior, praticante de alguma religião, moradora das regiões Nordeste ou Sudeste e com renda individual e familiar acima de 4 salários mínimos.

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