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'Estou pagando caro', diz Paulo Roberto Costa

Roberta Pennafort, Ricardo Brandt, Julia Affonso e Fausto Macedo

São Paulo

18/03/2017 10h03

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou, em depoimento ontem à 9.ª Vara Federal, no Rio, que está "pagando muito caro" por seus crimes. Ele falou no processo da operação Lava Jato do qual são réus o ex-deputado federal Nelson Meurer (PP-PR) e seus filhos Nelson Meurer Jr e Cristiano Augusto Meurer, acusados de corrupção e lavagem de dinheiro.

"Eu infelizmente errei, e me arrependo profundamente. Estou pagando muito caro. Errei, a culpa foi minha. Eu já estava desgastado, chateado com esse negócio todo, sem suportar a pressão, que era muito forte. Muitas vezes, pensei em largar tudo. Podia ter feito, e não fiz", disse Costa, o primeiro delator da Lava Jato.

Ele é acusado de desviar R$ 358 milhões de contratos da Petrobras. Condenado por corrupção, lavagem de dinheiro e pertencimento a organização criminosa, foi preso há três anos, e nos últimos quatro meses está em regime aberto.

Integrante então da cúpula do PP, Nelson Meurer teria recebido R$ 29,7 milhões em repasses mensais de R$ 300 mil entre 2006 e 2014. Seus filhos são acusados de terem intermediado o recebimento dos valores indevidos por funcionários do doleiro Alberto Youssef.

Os valores ilícitos, conforme a PGR, compravam apoio político para a manutenção de Costa na Diretoria de Abastecimento da Petrobras. As investigações mostraram que a nomeação do ex-diretor foi feita por indicação do PP, e que ele se tornou um operador do partido na estatal. "Se eu não contribuísse com a classe política, no dia seguinte me retiravam (da Petrobras) de imediato. Ou você está dentro do jogo, ou está fora", afirmou no depoimento.

Volta às ruas

Três anos depois de ser preso pela Operação Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef conseguiu ontem o direito de voltar às ruas. Acusado de ser o principal operador de propinas no esquema de corrupção na Petrobras, Youssef conseguiu a progressão de regime de cumprimento de pena e pode agora deixar seu apartamento, em São Paulo, onde cumpria prisão domiciliar. O benefício decorre do acordo de colaboração premiada que fechou com a força-tarefa do Ministério Público Federal. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".