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Baiano vive desconforto em travessia de barco

Pablo Pereira

Salvador

27/08/2017 08h39

Gente sentada nas escadas, idosos procurando um canto para se acomodar no chão, sem conforto, para a travessia de uma hora no Ferry Boat, embarcação que faz a ligação de Salvador a Itaparica. O cenário é tolerado em silêncio, especialmente em horários de pico, por centenas de passageiros que atravessam diariamente o canal de Bom Despacho até a capital baiana.

Sobrecarregadas nos últimos dias pela suspensão da travessia de barcos de outra linha, Vera Cruz-Salvador-Vera Cruz, palco da tragédia com a lancha na quinta-feira, as viagens no Ferry passaram a ser a única alternativa para chegar e sair da ilha, caminho também para encurtar passagem rumo ao interior, por Santo Antonio de Jesus e o sul da Bahia.

O Ferry liga o Terminal de Bom Despacho, vizinha de Vera Cruz, ao bairro do Comércio, região central de Salvador. Pelo menos um dos barcos tem capacidade para até 800 passageiros, além de levar carros.

"Eles não respeitam horário, saem com atraso. Essa demora é um descaso", reclamava no fim da tarde de anteontem o aposentado Carlos Roberto Santos, de 58 anos, morador de Salvador que retornava de Vera Cruz por Bom Despacho. Sentado em uma das escadas da embarcação, dizia, porém, que o acúmulo de pessoas pelos corredores "é normal" e, nas temporadas de festas, é que "fica muito pior". Para ele, o que aconteceu com a Cavalo Marinho, a lancha que virou, "foi uma casualidade". E acrescenta: "Isso nunca havia ocorrido aqui", disse ele, que reclamava do atraso.

No andar superior, acomodada no chão, Lisete contou que também costumava usar a lancha. Ela disse que estava no Ferry por ser a única opção após a suspensão das viagens de lanchas. "A lancha era o meu transporte preferido. Por causa da rapidez." O trajeto nas lanchas costuma ser mais rápido, cerca de 30 minutos, metade do tempo do Ferry. "Mas, agora, eu não vou mais lá por causa da insegurança."

Buscas

Ontem, equipes de resgate continuaram as buscas na Bahia. Pelos relatos, eles trabalham com o número de dois desaparecidos. No Pará, foi achado ontem o 30.º sobrevivente do naufrágio.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.