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'Quem tem que dizer se sou candidato é a população', afirma Doria

Francisco Carlos de Assis e Eduardo Laguna

São Paulo

27/11/2017 12h02

O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), disse nesta segunda-feira, 27, que não lhe cabe dizer se é ou não candidato nas eleições gerais do ano que vem. "Quem tem que dizer é a população, o eleitor é quem decidirá se um candidato pode disputar", disse o tucano, durante evento "Fórum Veja: Amarelas ao Vivo", que está sendo realizado hoje na capital paulista, com a presença de dez personalidades que devem definir os rumos da política e da economia no ano eleitoral de 2018 e serão entrevistas pelos jornalistas e colaboradores da revista.

Ao dizer que é o eleitor quem decide o futuro de um candidato, ele ironizou: "Eu sou tucano, mas não ando em cima do muro; minhas posições são claras."

O prefeito disse que não é ele quem pede sondagens eleitorais que incluem o seu nome à corrida presidencial do ano que vem. E voltou ao discurso que vem fazendo desde que seu nome começou a circular como um dos postulantes ao Palácio do Planalto: "Eu entendo que o Brasil precisa de uma candidatura de Centro. (Jair) Bolsonaro está aqui e eu o respeito, mas o Brasil precisa ir pra frente. E os partidos precisam ter consciência em defesa do que é melhor para o Brasil", frisou, dizendo apoiar essa corrente, mesmo sem ser candidato. E defendeu um debate em torno de propostas para o País e não em torno de questões partidárias.

Ao falar de seu padrinho político, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), Doria disse que não vai engolir seu criador, "tenho alta estima pelo governador Alckmin". E refutou que possa haver fissura ou afastamento nessa relação. "Minha proposta é nos mantermos unidos pelo bem do Brasil, pois o País precisa retomar sua trajetória de crescimento."

Corrupção

No Fórum, João Doria disse não ser correto associar seu partido com a corrupção, por causa "do problema" com o senador tucano e ex-presidente nacional do PSDB Aécio Neves. "Sou PSDB e continuarei sendo PSDB, não o comparem com o PT", criticou, reiterando que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro José Dirceu e a senadora e presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), não são parâmetros de honestidade. Doria avaliou que se for comprovado que Aécio cometeu algum crime, "ele terá de responder por isso, pois o seu partido não é seletivo".

Indagado a respeito do fim do foro privilegiado para políticos, o prefeito disse que é a favor do foro, mas com mecanismos de defesa equilibrados. "A lei tem de ser cumprida em todas as circunstâncias para quem cometeu delitos", ponderando que em casos de crime com flagrante, não deveria haver foro privilegiado.

Na entrevista, Doria reclamou "dos ataques contínuos sofridos por quem está num cargo público" e convidou àqueles que o criticam a visitarem a cidade com ele. Apesar da afirmação, criticou seu antecessor, o petista Fernando Haddad (PT), dizendo que sua gestão superestimou receitas e subestimou dívidas. "A gestão Haddad deixou dívida de R$ 7,5 bi para a minha gestão." Ele disse que os estoques de remédios estavam zerados, que as últimas obras de recapeamento foram feitas na gestão Gilberto Kassab e que há dois anos não se fazia manutenção em semáforos. E citou feitos de sua administração, dizendo, por exemplo, que realizou importante programa na área da saúde.

O tucano rebateu no evento da Veja as críticas à área da mobilidade na capital paulista, justificando que a cidade tem uma frota de cerca de 8 milhões de veículos, uma das maiores do mundo em núcleo urbano e que a questão do trânsito demanda mais consciência da população. "Solução seria o uso do transporte coletivo e compartilhado e mais obras, mas nem o País e nem a cidade têm condições de fazer mais obras." E continuou: "Nova geração não tem mais como sonho ter carro, já aderiu aos aplicativos."

Ele refutou ainda a crítica de que sua gestão não daria a devida atenção à periferia, conforme prometido na campanha municipal do ano passado. "As zonas sul, norte e leste são nossa prioridade", garantiu.