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Segovia foi nomeado com a missão de desacreditar as investigações, diz Janot

Eraldo Peres/AP Photo
Imagem: Eraldo Peres/AP Photo

São Paulo

01/12/2017 15h04

O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot criticou nesta sexta-feira (1º), em entrevista à agência "Reuters", o diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, escolhido pelo presidente Michel Temer (PMDB).

"Pelas declarações que ele [Segovia] tem feito, parece que foi nomeado com a missão de desacreditar as investigações", afirmou Janot.

O ex-procurador-geral ainda diz que "não sabe dizer se uma pessoa próxima de investigados e denunciados deveria ser autorizada a chefiar uma instituição do tamanho e da importância da Polícia Federal". Segovia é próximo do ex-presidente José Sarney.

O diretor geral da Polícia Federal evitou comentar a declaração de Janot. Ao ser questionado por jornalistas, Segovia disse que ainda não tinha visto e logo mudou de assunto.

"Não vi as declarações [de Janot]. Eu vim aqui hoje para tratar de segurança pública do Estado do Rio de Janeiro, em parceria com a Polícia Civil e Militar. Ontem, estive com o secretário de Segurança, Roberto Sá, e ficamos mais de três horas discutindo sobre o sistema de segurança pública e a parceria da Polícia Federal com o Rio, para tentar achar soluções para a segurança do Rio", respondeu. O chefe da PF participou de um seminário na sede da Câmara Americana de Comércio.

Questionado novamente, ele respondeu: "Não sei quais foram as declarações dele. Ainda vou ler. Eu não posso prejulgar as declarações dele. Eu acredito que, quando eu ler e souber, a gente pode falar alguma coisa", disse o delegado, antes de ser puxado por assessores e depois de falar por menos de um minuto com jornalistas.

Mala preta

Essa não é a primeira vez que o ex-procurador dispara flechadas contra Segovia. Os ataques começaram logo na posse do diretor-geral, que, depois de se dizer lisonjeado com a presença de Temer, ainda questionou a materialidade das provas usadas em denúncia contra o presidente.

"Uma única mala talvez não desse toda a materialidade criminosa que a gente necessitaria para resolver se havia ou não crime, quem seriam os partícipes e se haveria ou não corrupção", declarou o diretor da PF, referindo-se à mala estufada com 10 mil notas de R$ 50, somando R$ 500 mil em propinas da JBS.

Naquele dia, Janot questionou se Segovia estaria falando "por ordem de alguém".

Na última quarta-feira, 29, em São Paulo, Janot disse que "só pode ser brincadeira" o que disse o diretor da PF sobre a mala.

Em entrevista à Reuters, Janot afirmou que o novo diretor da PF foi nomeado para "tirar o foco das investigações".