Teste identifica falhas em três pontos da urna eletrônica; TSE não vê riscos
Breno Pires e Rafael Moraes Moura
Brasília
01/12/2017 15h29
No relatório do Teste Público de Segurança 2017 do sistema eletrônico de votação, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informou nesta sexta-feira (1º), ter identificado falhas que permitiram o acesso, por parte dos investigadores que fizeram o teste, a três pontos importantes da urna eletrônica que será usada nas eleições de 2018.
Segundo o tribunal, as falhas estão sendo corrigidas e não há riscos quanto à votação de 2018, e o problema não ocorreu na eleição passada porque foi identificado em uma atualização de sistema. Os investigadores chamados pelo TSE para testarem a urna descobriram a chave de acesso ao sistema de arquivo da urna, o que permitiu ter acesso ao log (espécie de caixa preta), e ao registro digital de votação.
Apesar de o presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, ter utilizado a palavra vulnerabilidade, o coordenador de sistemas eleitorais do TSE, José de Melo Cruz, preferiu chamar de outra forma: "Foram três achados, mas não vulnerabilidades". Melo Cruz disse que os "achados" vão ser rapidamente corrigidos e explicou que ainda não é possível dar o detalhamento completo do teste porque a análise ainda não concluiu.
Ele garantiu que não há chance de a falha ter acontecido em eleições anteriores, porque ela tem relação com uma nova atualização na urna que houve já com vistas a 2018. "A falha específica encontrada foi colocada no nosso processo de atualização do sistema. Essa atualização é necessária de ser feita, é difícil de ser feita, para que o software esteja acompanhando as mais novas formas de sistema operacional. Esse trabalho é árduo e está em andamento mas não é nada impossível de ser conseguido", disse.
A falha
Dos 14 pontos testados, houve falhas em três. Segundo o coordenador José de Melo Cruz, "o grupo de investigadores conseguiu invadir o sistema e ter acesso ao 'log' e conseguiram acesso a aquele sistema que vai monitorando a urna e descrevendo tudo que acontece".
"Eles conseguiram também acesso ao RDV, que é o registro digital do voto, mas não conseguiram acesso a modificar o RDV, mas apenas a observar", disse, afirmando que o acesso ao RDV não permitia identificar o eleitor nem saber em quem ele voltou. "Eles tiveram acesso, mas não à ordem de votação e aos votos que foram dados pela urna. Não conseguiram identificar o voto dos presentes", disse.
'Credibilidade'
Para o presidente do TSE, Gilmar Mendes, que citou as descobertas de falhas, o Teste Público de Segurança é importante justamente para apontar necessárias correções antes das eleições. "Isso demonstra a importância da sociedade civil na tarefa de identificar possíveis vulnerabilidades", disse ele, afirmando que desde 2015 o teste público é parte obrigatória do processo das eleições.
Ele afirmou que a "a credibilidade é cada vez mais robustecida nos sistemas de hardware, software e correlatos", graças a essa "contribuição permanente para o engenho brasileiros que é a urna eletrônica". "Inimaginável seria hoje que se voltasse à chamada era do voto em papel, época que facilitava fraude humana na apuração e totalização do foto. Sem falar no atraso. É uma época do passado e queremos que não volte para nos assombrar", disse.